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Politica Brasil
Sexta - 15 de Novembro de 2013 às 05:34

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Amigo de José Dirceu e autor do projeto de um livro sobre os bastidores da passagem do ex-ministro pelo governo federal, o escritor Fernando Morais disse na quinta-feira (14) que o petista está tranquilo e tem ouvido seu círculo íntimo para tomar duas decisões nas próximas horas: se vai dar uma entrevista coletiva e se vai se apresentar à polícia ou esperar para ser preso.


 
Morais, que está em Fortaleza para participar de um festival de biografias, disse ter conversado por telefone hoje pela manhã com Dirceu, que segundo ele se encontrava em São Paulo.


 
"Ele está tranquilo, sempre teve muito sangue frio. Pediu para que eu refletisse com ele sobre o que deveria fazer. Ele sabe que vai ser preso, mas não sabe se vai se apresentar ou se espera que vão buscá-lo. Também há quem defenda que ele dê uma [entrevista] coletiva, mas ele está contra", disse o autor de "Olga" e "Chatô - O Rei do Brasil", entre outros livros.


 
"30 MESES"


 
Morais contou que o projeto do livro que prepara sobre Dirceu foi paralisado por conta da ação no Supremo. "O processo tomou um vulto tamanho que ele não tinha como perder tempo comigo." Segundo o escritor, não será uma biografia, mas um retrato do período em que Dirceu esteve no poder como ministro-chefe da Casa Civil do primeiro governo Lula, até ser afastado por causa do mensalão --daí o título da obra, "30 Meses".


 
Originalmente o projeto será de uma biografia. "Fui para Cuba com ele, fomos ao lugar onde ele fez treinamento de guerrilha, ao apartamento onde viveu por lá. Quando voltamos, estourou o mensalão, e paramos para ele se defender." Morais diz que, após o mandato de deputado federal de Dirceu ter sido cassado, em 2005, sugeriu mudar o rumo do projeto e abordar os 30 meses no poder, incluindo os bastidores do mensalão.


 
Ainda de acordo com o escritor, depois eles fizeram mais cinco grandes sessões de entrevistas. Ao fim delas, Morais relata ter dito o seguinte a Dirceu: "Aqui não tem uma linha que se aproveite para o livro. Você ficou falando de grandes planos para o Brasil, de política energética e coisas do tipo. Eu quero bastidores, histórias, personagens". Desde então, por conta da ação no STF, o projeto não foi retomado, segundo Morais.


 
LULA


 
Fernando Morais também prepara um livro sobre Luiz Inácio Lula da Silva, para o qual vem tendo a colaboração do ex-presidente desde 2011. O escritor conta que já teve "dezenas de encontros" com Lula e tem "dezenas de horas" de entrevistas com o político.


 
Revela que inicialmente gravava as conversas no Instituto Lula, até descobrir que as entrevistas rendiam mais durante viagens internacionais, e passou a rodar o mundo com o ex-presidente. As sessões com o petista foram interrompidas por nove meses entre 2011 e 2012, quando Lula fazia radioterapia para tratar um câncer e tinha recomendação médica para não falar.


 
O livro sobre Lula, ainda sem título, deverá se concentrar entre 19 de abril de 1980, quando o então líder sindical foi preso pela ditadura, e o final do segundo mandato do petista, em 31 de dezembro de 2010.


 
Morais argumenta que o período anterior à prisão já foi abordado pelo livro "Lula, o Filho do Brasil", de Denise Paraná, e pelo filme homônimo de Fábio Barreto. A princípio o câncer do ex-presidente não seria abordado. O escritor cogita agora finalizar a obra com o anúncio da doença, mas sem descrever o tratamento.


 
O plano original seria lançar o livro no Natal deste ano, mas Morais nem começou a escrevê-lo ainda, o que deve começar a fazer no fim deste mês. Ele terá conversas com Lula e com seu editor, Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, sobre a conveniência de lançar a obra em 2014, ano eleitoral, ou se deixará para 2015.


 
Morais conta que trata-se de um projeto muito antigo e que convive com Lula desde os tempos em que ele era deputado estadual pelo MDB e o futuro político era líder sindical, mas que o petista só topou em julho de 2011.





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