Colégio pediu sobrevoo do Ciopaer após punir professora que criticou Bolsonaro; veja ofício Oficialmente, Notre Dame alega que ato ocorreu em comemoração a Semana da Pátria

O Colégio Notre Dame de Lourdes decidiu pedir a presença do Ciopaer (Centro Integrado de Operações Aéreas) na unidade de ensino nesta quarta-feira (1), após punir uma professora que teceu críticas ao presidente Jair Bolsonaro em sala de aula. Na manhã de hoje, o helicóptero da unidade de Segurança Pública do Estado sobrevoou a escola e, em determinado momento, um dos tripulantes estendeu a bandeira do Brasil para os alunos que acompanhavam a "apresentação" no pátio da escola.

"Venho através deste solicitar a disponibilidade do helicóptero do Ciopaer para fazer um breve sobrevoo na praça de convivência do Colégio Notre Dame de Lourdes, trazendo a Bandeira Nacional do Brasil. O intuito desta ação é sensibilizar e semear em nossos mais de 1.600 alunos o amor pela nossa Pátria, bem como o respeito a todas as instituições que contribuem servindo o nosso Brasil", diz o ofício assinado nesta quarta pela diretora da instituição, Marluce Almeida da Silva, e pela coordenadora Marina F.G. Molina Nogarol.

Um dado curioso é que o pedido pela presença do Ciopaer ocorreu após a divulgação de uma punição do colégio a uma professora por criticar o presidente. A educadora foi suspensa por 3 dias após dizer aos alunos que o atual chefe do Palácio do Planalto é responsável pelo aumento do desmatamento no país. Ela também defendeu o voto em urna eletrônica.

Oficialmente, tanto o colégio, quanto a Secretaria de Segurança Pública, negam conotação política no sobrevvo à unidade de ensino. O Notre Dame diz que a ação faz parte das comemorações da Semana da Pátria, desenvolvida desde o dia 30 de agosto na escola. Destaca ainda que a instituição possui 50 anos e é regida por princípios "éticos e critãos". "Em nenhum momento da sua trajetória envolveu-se com posicionamentos político-partidários e, ao mesmo tempo, nunca se furtou de propor aos alunos a discussão de ideias", diz a nota.

Já a Sesp, colocou que atendeu a um pedido da escola, acrescentando que já desenvolveu ações semelhantes em outras unidades de ensino, tanto privadas quanto públicas. Afirma ainda que os agentes do Ciopaer desenvolveram outras atividades no colégio, além do sobrevoo. "A bandeira do Brasil foi mostrada aos alunos sem nenhuma conotação política, mas no intuito de demonstrar o patriotismo nesta que é uma data importante para o país".

INVESTIGAÇÃO

O sobrevoo do helicóptero do Ciopaer ao Notre Dame pode ser investigado pelo Ministério Público Estadual. Responsável pela Vara Militar em Cuiabá, o juiz Marcos Faleiros pediu que o órgão investigue a situação. Existe a suspeita de que o ato tenha sido para intimidar alunos e servidores após a crítica da professora ao presidente do Brasil.

No início da semana, o juiz Marcos Faleiros enviou ofício ao Comando-Geral da Polícia Militar informando que qualquer “quebra da hierarquia ou comportamento subversivo às instituições democráticas” durante o dia sete de setembro gerará “consequências graves e imediatas”. O ofício foi no contexto da mobilização de militares para atos organizados para o dia 7 de setembro para defender ações do presidente Jair Bolsonaro.