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Politica Brasil
Terça - 05 de Junho de 2012 às 00:25
Por: Elaine Lina/Direto de Brasília

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O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) promete condução "suave" nos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira enquanto substitui o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) na presidência na sessão desta terça-feira. A reunião da CPI agendada para amanhã, no Senado, ficará restrita à tomada de depoimentos de algumas testemunhas das ligações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e empresários. Está descartada a possibilidade de votação de requerimentos ou qualquer tomada de decisão, segundo Paulo Teixeira.

Vital está afastado dos trabalhos por ordem médica e deverá retornar somente na próxima semana. "Sessão administrativa, com possibilidade de alguma votação, somente depois, semana que vem. Agora, nesta semana, só as oitivas", explicou o deputado.

Os convocados para prestar depoimentos amanhã falarão sob condição de testemunhas e não de réus. Por isso, Paulo Teixeira acredita todos responderão aos questionamentos da comissão. "(Os convocados) virão na condição de testemunhas, e até agora nenhum manifestou a intenção de ficar calado. Acredito que eles possam colaborar", disse.

Os convocados para a sessão desta terça-feira são Walter Paulo Santiago, Écio Antônio Ribeiro, Sejana Martins e Eliane Gonçalves Pinheiro. O depoimento de maior expectativa é o de Eliane, ex-chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Ela teria recebido um telefone exclusivo para se comunicar com Cachoeira, que repassaria informações sigilosas sobre operações policiais. Em uma conversa telefônica registrada pela Polícia Federal, o bicheiro pergunta a Eliane se ela havia contado algo para "o maior". A suspeita é de que "o maior" seja o governador de Goiás.

Outra oitiva também tida como decisiva para fortalecer ou esvaziar as denúncias contra Perillo é a de Walter Paulo Santiago, empresário para quem o governador diz ter vendido uma casa de luxo em Goiânia. A suspeita é de que ele tenha sido um laranja e que a casa seria, na verdade, de Cachoeira - o bicheiro foi preso na residência. Écio Antônio Ribeiro e Sejana Martins também teriam atuado na negociação imobiliária, assim como Fernando Gomes Cardoso.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.





Fonte: Terra

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