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Internacional
Sexta - 13 de Janeiro de 2012 às 03:32

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O Corpo dos Fuzileiros Navais dos EUA anunciou na noite de ontem ter identificado a unidade à qual os quatro militares americanos que aparecem num vídeo urinando sobre corpos afegãos pertencem. Já a emissora americana CNN e a agência de notícias Associated Press dizem que as Forças Armadas já conhecem a identidade de ao menos dois deles.

"Acreditamos ter identificado a unidade. Não podemos revelar seu nome neste momento porque o incidente ainda está sob investigação", disse Joseph Plenzler, porta-voz dos fuzileiros navais.

Uma fonte disse à Associated Press, no entanto, que os quatro militares pertencem ao 3º Batalhão do 2º Regimento dos fuzileiros navais, conhecidos como "marines", em inglês.

O grupo teria voltado para sua base no Campo Lejeune, na Carolina do Norte, entre setembro e dezembro do ano passado, embora alguns dos integrantes já possam ter migrado para outra divisão, acrescenta a fonte.

Mais cedo, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, classificou nesta quinta-feira como "absolutamente deplorável" o vídeo divulgado ontem em que supostos soldados americanos aparecem urinando em corpos de militantes afegãos.

Panetta disse que os envolvidos no incidente enfrentariam as punições cabíveis às suas ações, e que pediu aos comandantes das forças americanas e da Otan, a aliança militar do Ocidente, no Afeganistão uma investigação sobre o caso.

Na quarta-feira, o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA afirmou que investigaria o vídeo postado em diversas páginas na internet que gerou polêmica.

Nele, aparecem quatro homens vestindo uniformes de combate camuflados urinando sobre os corpos de três supostos combatentes do Taleban ensanguentados. Também é possível ouvir um deles dizendo "tenha um bom-dia companheiro" para o corpo sobre o qual urina.

REAÇÃO AFEGÃ

Um porta-voz do Taleban afegão afirmou nesta quinta-feira que o vídeo de supostos soldados americanos urinando sobre os corpos de combatentes mortos no Afeganistão não vai afetar os esforços para as duas partes manterem conversações de paz.

"Este não é um processo político. Portanto, o vídeo não vai prejudicar nossas conversações e troca de prisioneiros [de Guantánamo] porque elas estão num estágio preliminar", disse o porta-voz Zabihullah Mujahid.

O porta-voz taleban denunciou o vídeo como um "ato de barbárie". Segundo o Conselho para as Relações Americana-Islâmicas, principal associação muçulmana americana, as imagens colocam em risco outros soldados e civis afegãos.

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, também condenou nesta quinta-feira o vídeo, considerando o ato "completamente desumano", segundo foi citado pelo jornal americano "USA Today".

Karzai se disse "profundamente chateado com a profanação dos corpos de três afegãos por soldados americanos" e pediu ao governo americano "a punição mais severa para os culpados".

PRECEDENTES

As imagens do que parece ser um ato isolado podem fazer o mundo muçulmano recordar do escândalo de Abu Ghraib em 2004, quando imagens de prisioneiros iraquianos humilhados por militares americanos deram a volta ao mundo.

Nos últimos anos, vários casos similares de suposta profanação por soldados, como boatos de exemplares do Alcorão jogados no vaso sanitário, ou por jornais ocidentais, por exemplo com caricaturas de Maomé, provocaram revolta no Afeganistão e manifestações violentas que causaram mortes.

Em um caso separado, o Exército dos EUA processa cinco soldados acusados pelo assassinato de civis afegãos durante a sua missão na província de Kandahar, em 2010.

Os EUA têm cerca de 20 mil fuzileiros no Afeganistão, beseados principalmente em Kandahar e Helmand. No total, cerca de 90 mil soldados americanos estão no país.

Os EUA e seus parceiros no Afeganistão disseram que pretendem entregar a segurança do país e retirar as tropas de combate até o final de 2014.






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