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Cultura
Sábado - 07 de Janeiro de 2012 às 10:16
Por: Camila Nalevaiko

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A Folia começou no dia primeiro de janeiro em Canabrava do Norte, há seis dias um grupo de mais de 20 pessoas percorreram dezenas de casas em comemoração a Folia de Reis. Neste dia 06 eles chegaram em uma casa, onde foram recebidos pelo Capitão como é chamado o dono da casa e de duas rainhas as filhas do Capitão, é o encerramento da folia que durou 6 dias e 6 noites.

Os foliões e os dois palhaços a Bastiana e o Bastião(nomes que são dados aos palhaços) vão na frente seguidos do Capitão que leva a Bandeira de Santos Reis, os cantadores e tocadores além de demais populares que seguem a turma, numa espécie de celebração para comemorar o Dia de Reis e agradecer as graças recebidas.

No próximo ano, a Folia que começou há 27 anos no município de Canabrava do Norte pelo então Prefeito Zé Vieira, deve encerrar a festa de 2013 na casa de dona Paula Aparecida, será um comprimento de uma promessa que segundo a dona de casa foi atendida pelos Santos Reis. “Minha neta de 5 anos perdeu a visão de um olho quando tinha 3 anos em um acidente doméstico, de lá pra cá já foram feitos alguns transplantes de córneas, mas sempre dando rejeição, em 2010 a mãe dela desistiu de fazer o transplante devido ao sofrimento que a menina vinha tendo por causa da rejeição, por insistência do médico a mãe acabou aceitando em fazer outras tentativas, porém o médico explicou que a menina não seria mais transplantada em caráter de urgência com isso a cirurgia só poderia ser feita em 2012. Foi angustiante, fiz uma promessa a Santos Reis para que eles auxiliassem e adiantassem o quanto antes para que minha neta conseguisse ser operada. O milagre foi atendido e ontem minha neta passou pelo transplante e hoje já está em casa tenho fé que o milagre foi completo e não vai haver mais rejeição e minha neta vai conseguir enxergar de novo”, contou emocionada a dona de casa que havia feito a promessa a Santos Reis.

Os milagres são muitos, e a emoção também é grande pelas pessoas que acompanham a procissão da folia, a dona de casa  Juliana Dias Pereira hoje tem 27 anos, é nascida em Canabrava do Norte e participa da Folia desde que estava na barriga da mãe. “Eu nasci em fevereiro e em janeiro minha mãe estava com aquele barrigão participando da folia, para mim é algo fundamental participo há 27 anos e acredito que esta tradição não deve acabar nunca, somos devotos de Santos Reis e pedimos a eles quando precisamos e sempre somos atendidos é uma grande graça participar desta festa”, destacou Juliana.

A folia de Reis começa com brincadeiras entre os participantes e os palhaços, depois seguem para a cantoria em homenagem a Santos Reis e depois se reza um terço. No final um grande jantar é servido aos participantes, só então é passada a coroa para os próximos recepcionistas do evento, a festa termina com um grande baile.

Entenda a Folia de Reis.

Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira, e que ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país.


 

Origens

Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Melchior, Baltasar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII(8).

Fixado o nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser a mais importante data comemorativa católica, mais importante, inclusive, que o próprio Natal. No estado do Rio de Janeiro, os grupos realizam folias até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião e padroeiro do Estado.

Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos6 de janeiro. Trata-se de uma tradição originária de Espanhola que ganhou força especialmente no século XIX e mantém-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás, dentre outros.

Na cidade de Muqui, sul do Espírito Santo, acontece desde 1950 o Encontro Nacional de Folia de Reis, que reúne cerca de 90 grupos de Folias do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. É o maior e mais antigo encontro de Folias de Reis do país. O evento é organizado pela Secretaria de Cultura do Município e tem data móvel.

 O "Terno" de Reis ou "Folia" de Reis

No Brasil a visitação das casas, que dura do final de dezembro até o dia de Reis, é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por propósitos sociais e filantrópicos. Cada grupo, chamado em alguns lugares de Folia de Reis, em outros Terno de Reis, é composto por músicos tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal, como tambores, reco-reco, flauta e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e do acordeão, também conhecida em certas regiões como sanfona, gaita ou pé-de-bode.

Além dos músicos instrumentistas e cantores, o grupo muitas vezes se compõe também de dançarinos, palhaços e outras figuras folclóricas devidamente caracterizadas segundo as lendas e tradições locais. Todos se organizam sob a liderança do Mestre da Folia e seguem com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.

As canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção daquelas tocadas nas tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso dos foliões, onde acontecem animadas festas com cantorias e danças típicas regionais, como catira, moda de viola e cateretê. Contudo ao contrário dos Reis da tradição, o propósito da folia não é o de levar presentes mas de recebê-los do dono da casa para finalidades filantrópicas, exceto, obviamente, as fartas mesas dos jantares e as bebidas que são oferecidas aos foliões.

Grupos incrementados

Uma das formas de sobrevivência da manifestação folclórica, especialmente nas grandes cidades, foi a incorporação nos Ternos de elementos figurativos, com a finalidade de promover apresentações para turistas e para os próprios habitantes.Trazendo alegria para todos.

Canções

Em algumas regiões as canções de Reis são por vezes ininteligíveis, dado o caos sonoro produzido. Isto ocorre quase sempre porque o ritmo ganhou, ao longo do tempo, contornos de origens africanas com fortes batidas e com um clímax de entonação vocal. Contudo, um componente permanece imutável: a canção de chegada, onde o líder (ou Capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, onde a Folia agradece as doações e a acolhida, e se despede.

No Sul de Minas um grupo de Folia de Reis é composto da Bandeira ou Estandarte que é decorado com figuras alusivas ao menino Jesus, ou mesmo com palavras relativas à data. Outro componente importante é o Bastião que se veste de modo característico, mascarado e sempre porta uma espada, este tem a função de folião propriamente dito, levando alegria por onde a folia passa, e como que abrindo caminho para a passagem da Folia que de certa forma representa os próprios Reis Magos. O Bastião tem também a função de citar textos bíblicos e recitar poesias alusivas. Na sequência o grupo de vozes se organiza em Mestre, Ajudante, Contrato, Tipe, Retipe, Contratipe, Tala, ou Finório. Na verdade esses nomes se referem a uma organização das vozes em tons e contratons, durante a cantoria, o que leva a formação de um coro muito agradável aos ouvidos. O Mestre, por sua vez, tem papel especial de iniciar o canto, que é feito em versos e de improviso, agradecendo os donativos da casa visitada. Os outros componentes então repetem os versos, cada qual em sua voz, na cadência definida pelo Mestre, acompanhados pelos instrumentos que tocam.






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