Moncef Marzuki assumiu suas funções quase um ano após o início da revolução que, em janeiro de 2011, expulsou do poder Zine Abidine Ben Ali.
"Hamadi Jebali será designado na manhã de quarta-feira como chefe de governo", declarou à imprensa Marzuki, que acrescentou que as autoridades políticas se reunirão para a formação de um novo gabinete.
Hamadi Jebali é o número dois do partido islamita Ennahda.
Marzuki, vestido com um roupão castanho claro por cima de um paletó, prestou juramento com a mão sobre o Alcorão perante os 217 deputados da Assembleia Constituinte e das principais autoridades do Estado.
"Serei fiador dos interesses nacionais, do Estado de direito e das instituições. Serei fiel aos mártires e aos objetivos da revolução", declarou Marzuki ao prestar juramento.
O novo presidente prometeu ser o "presidente de todos os tunisianos" e não "poupará nenhum esforço" para melhorar a vida de seus compatriotas.
Marzuki se comprometeu a garantir o "direito à saúde, o direito à educação e os direitos das mulheres".
"Nossa missão é promover a identidade árabe-muçulmana e estar aberto ao exterior, proteger as mulheres com véu e as mulheres com niqab, assim como as que não usam véu", afirmou Marzuki, levantando o temor que provoca entre os "modernistas" pela chegada ao poder do partido islamita Ennahda.
Visivelmente emocionado, Marzuki homenageou os "mártires da revolução".
"Sem seu sacrifício, não estaria aqui, neste lugar", disse com lágrimas nos olhos, e depois lembrou a luta dos povos sírio e iemenita.
"O principal desafio é concretizar os objetivos da revolução. Outras nações nos veem como uma laboratório da democracia", acrescentou.
O presidente lançou um chamado à "reconciliação" na Tunísia e convocou a oposição a "participar da vida política e a não se limitar a um papel de observador".
Marzuki foi designado presidente pela Assembleia Constituinte eleita em 23 de outubro, mas a oposição votou em branco por considerar que a função presidencial foi despojada de seus poderes.
O novo presidente homenageou seu antecessor Fuad Mebazaa e o primeiro-ministro atual Beji Caod Essebsi, que dirigiram o país desde a queda de Ben Ali, no dia 14 de janeiro.
Marzuki também saudou o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, o general Rachid Ammar, que foi calorosamente aplaudido.
O futuro primeiro-ministro, o islamita Jebali, submeterá à aprovação da Assembleia Constituinte seu governo, cuja composição está quase completa, segundo as fontes políticas, antes do fim da semana.
Marzuki assumiu suas funções quase exatamente um ano após o início da revolta tunisiana, desencadeada no dia 17 de dezembro de 2010 pelo suicídio de Mohamed Buazizi, um jovem vendedor ambulante de Sidi Buzid, uma cidade pobre do centro da Tunísia.
Nas manifestações que levaram à queda de Ben Ali morreram cerca de 300 pessoas, segundo números da ONU.
Marzuki exercerá seu mandato em um contexto muito delicado para o país, atingido por uma crise econômica e social sem precedentes, com um crescimento nulo em 2011 e uma taxa de desemprego que superará os 18% da população economicamente ativa, segundo as últimas previsões do Banco Central da Tunísia.
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