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Nacional
Sábado - 19 de Novembro de 2011 às 14:20
Por: Bruna Saniele

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A produtividade dos trabalhadores da indústria no Brasil é cerca de quatro vezes menor que a produtividade média dos trabalhadores industriais de países considerados competitivos, grupo que inclui Estados Unidos, Suíça, Noruega, Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul, Japão, Holanda, Suécia, Israel e Alemanha. O dado faz parte do segundo balanço da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) divulgado nesta semana. Conforme o levantamento, um trabalhador da indústria brasileira em 2010 produziu o equivalente a US$ 26.236, enquanto trabalhadores de países competitivos chegaram a produzir US$ 100.166 no ano.

 

 

 

"Essa situação do Brasil é muito preocupante. O País tem que melhorar esses índices ou o crescimento, e principalmente da indústria, ficará prejudicado", diz o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho.

 

 

 

 

Para a Fiesp, os níveis de investimento e a escolaridade podem esclarecer a discrepância entre os valores. De 2000 a 2010, a produtividade dos trabalhadores industriais dos países competitivos cresceu 66%, enquanto a do Brasil cresceu 30%. Caso seja considerado o total dos trabalhadores do País (incluindo os da agropecuária e do setor de serviços), a variação da produtividade de 2000 a 2010 fica em 47,2%, menor do que a do grupo dos países que mais aumentaram a competitividade nos últimos anos (Coreia do Sul, Israel, República Checa, Rússia, Hungria, China, Polônia, Argentina, México e Turquia), que chegou a 65,1%.

 

 

 

 

"O Brasil é um País com custo muito alto e com infraestrutura inadequada para a circulação dos produtos, além de possuir fontes de investimento que não atingem a todos. Os investimentos educacionais aumentaram muito lentamente em relação a outros países", comenta Coelho. Para a Fiesp, além de fazer mudanças urgentes na carga tributária é preciso melhor a eficiência dos gastos públicos em educação, com aumento da escolaridade e da qualidade de ensino. Segundo a federação, até 2009 o número de engenheiros formados no Brasil era equivalente a 7% do total de formandos do País, o que equivale a 2,9 engenheiros para cada 10 mil habitantes. Na China, 36% dos formandos são engenheiros, uma média de 14,4 para cada grupo de 10 mil habitantes.

 

 

 

 

Alto custo do trabalhador
A economista e pesquisadora da Fundação João Pinheiro, Elisa Maria Pinto da Rocha, concorda que a infraestrutura e a educação atuam diretamente na fraca produtividade. Ela acrescenta ainda o alto custo do trabalhador na lista.

 

 

 

 

"É o custo mais alto do mundo, devido à grande incidência de impostos e taxas. Além disso, a infraestrutura de logística também prejudica muito as indústrias nacionais. A pouca incorporação da inovação tecnológica por trabalhador, que decorre da formação educacional precária e do pouco tempo de estudo, também preocupa", diz.

 

 

 

 

Segundo o professor de economia do Ibmec-Rio, Mauro Rochelin, o ritmo da evolução da produtividade industrial efetivamente mostra que a escolaridade no País ainda é muito baixa.

 

 

 

 

"A Coreia do Sul apresenta taxas muito maiores de escolaridade e também apresenta níveis melhores de produtividade. São fatores complementares", diz. Para ele, ainda há poucos programas de qualificação no Brasil, apesar de aumento no número de investimentos no setor nos últimos anos.

 

 

 

 

Em curto prazo, o professor não vê mudanças nesse cenário, mas em longo prazo é possível reverter a situação, desde que sejam feitos mais investimentos em centros de tecnologia e oferecidos incentivos fiscais para aumentar a produtividade das indústrias.

 

 

 

 

"O Brasil já vem investindo nessa área, mas deveria fazer mais. Já existem leis que, por exemplo, reduzem a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para empresas que investem em tecnologia, mas ainda é um avanço tímido", destaca.




Fonte: Terra

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