Ao menos 75 são presos em protesto em NY, diz jornal

Ao menos 75 manifestantes foram detidos nesta quinta-feira durante uma marcha em protesto contra Wall Street que seguia em direção à sede da Bolsa de Nova York, no sul de Manhattan.

O número foi confirmado por uma fonte da polícia citada pelo site do jornal "New York Times", e ainda pode aumentar ao longo da tarde. A maioria das detenções ocorreram sob a acusação de conduta desordeira e resistência à prisão.

A grande marcha desta quinta-feira foi organizada pelos simpatizantes do movimento "Ocupe Wall Street" para comemorar dois meses desde o início dos protestos.

Os manifestantes partiram do parque Zuccotti, no coração financeiro de Wall Street. Eles pretendiam ocupar a Bolsa de Nova York, mas foram impedidos pela polícia e retornaram ao local de início dos protestos.

O parque Zuccotti foi o assentamento original do movimento que se estendeu para várias cidades dos Estados Unidos e do qual os manifestantes foram desalojados pela polícia na madrugada de terça-feira.

Gritando "Nós somos os 99%" --uma referência à afirmação de que o sistema político dos EUA beneficia só o 1% de mais ricos-- e carregando cartazes onde se lia "Nós, o povo", os manifestantes lotaram uma rua a poucos quarteirões da bolsa de valores, parando o tráfego.

	Andrew Burton/France Presse
	Uma participante dos protestos é presa pela polícia no distrito financeiro de Nova York

Os protestos desta quinta fazem parte do programado "Dia de Ação", que prevê diversos atos por toda a cidade ao longo do dia. Ainda estão previstas a ocupação de 16 estações de metrô, uma passeata com instrumentos musicais pela ponte do Brooklyn e uma manifestação com líderes sindicais "em solidariedade aos trabalhadores que procuram emprego para reconstruir a economia e infraestrutura do país".

"O dia de hoje é para levar nossas ideias a todos os quarteirões, todas as ruas, todos os metrôs", disse outro porta-voz do movimento "Ocupe Wall Street", Bill Dobbs.

Segundo uma porta-voz do movimento, Senia Barragan, cerca de 1.500 manifestantes estão concentrados na região para participar do ato "contra o sistema financeiro e a favor de 99% da população".

A maioria dos protestos do movimento na cidade, iniciado há dois meses, reuniu apenas centenas de pessoas, mas os organizadores queriam atrair nesta quinta milhares a Wall Street para tentar impedir que os trabalhadores chegassem a seus escritórios no centro financeiro dos EUA.

"Queremos fazer sentir nossa voz e compartilhar nossa frustração", resumiu um porta-voz do movimento, Mark Bray.

O protesto desta quinta ocorre após as ações das forças de segurança locais que os expulsaram de um parque nas imediações, onde haviam acampado, numa tentativa de demonstrar que sua luta contra a desigualdade econômica nos Estados Unidos continua de pé.

A polícia local deslocou cerca de mil agentes para controlar os protestos, e pediu paciência aos nova-iorquinos advertindo que pode haver lentidão no trânsito da cidade devido à operação policial.

De acordo com o jornal americano "USA Today", barricadas policiais bloqueavam as vias de acesso ao distrito financeiro de Nova York, e diversas ruas na região foram fechadas.

DESOCUPAÇÃO

Policiais com capacetes e portando escudos expulsaram manifestantes do movimento, na madrugada de terça-feira, de um parque no distrito financeiro de Nova York, onde estavam acampados há quase dois meses.

Autoridades declararam que a ocupação no parque Zuccotti --que se tornou um mar de barracas, lonas e placas de protesto com centenas de manifestantes dormindo no local-- era uma ameaça à saúde e à segurança.

	Spencer Platt/France Presse
	Faixa de movimento "Ocupe Wall Street" é vista em parque Zucotti, que foi esvaziado

O prefeito da cidade de Nova York, Michael Bloomberg, defendeu a medida para expulsar os manifestantes e destruir sua cidade de barracas.

"Infelizmente, o parque estava se tornando um lugar onde muitas pessoas vieram não para protestar, mas para infringir leis, e em alguns casos, prejudicar os outros. Houve relatos de empresas ameaçadas e reclamações sobre o barulho e as condições sanitárias precárias que têm afetado gravemente a qualidade de vida dos moradores e dos comerciantes nesse bairro próspero", disse Bloomberg em comunicado.

Os manifestantes montaram o acampamento no parque Zuccotti em 17 de setembro para protestar contra o sistema financeiro que, segundo eles, beneficia as corporações e os ricos. O movimento tem inspirado protestos semelhantes contra a desigualdade econômica em outras cidades, e em alguns casos resultaram em violentos confrontos com a polícia.