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Internacional
Terça - 15 de Novembro de 2011 às 12:39

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Editor do jornal "Al-Quds Al-Arabi", escrito em árabe e editado em Londres, o palestino radicado na Inglaterra Abdel Bary Atwan contou ontem, na Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco), em Olinda, como entrevistou Osama Bin Laden. Também alertou para a existência da dezenas de franquias da Al Qaeda espalhadas pelo mundo, que irão agir caso a Primavera Árabe não se consolidar no Oriente Médio.

A entrevista com Bin Laden, segundo ele a única de um jornalista árabe com o líder da Al Qaeda morto neste ano, aconteceu em 1996 numa caverna em Tora Bora, no Afeganistão.
Foi oferecida por um "embaixador" que Bin Laden mantinha em Londres. "Eu não tinha como dizer não, senão seria chamado de covarde. Mas não contei à minha mulher."

Atwan relatou a operação de risco, uma viagem de oito horas por uma estrada em que só passava um carro subindo uma montanha de onde pedras despencavam.
A caverna ficava a 3.000 m de altitude, e fazia um frio muitos graus abaixo de zero.

O jornalista lembrou de Bin Laden, que o recebeu na entrada da caverna, como um homem alto e bonito, rosto pacífico, voz suave, educado e que não lhe interrompia enquanto falava.
Em 1996, Bin Laden não tinha planos de atacar os EUA em seu território, como faria cinco anos mais tarde. Segundo Atwan, a ideia dele na época era atrair os EUA para uma guerra no Oriente Médio, onde achava que seria mais fácil derrotá-los.

Atwan afirmou que a ideia do 11 de Setembro se fortaleceu com o incentivo de Ayman al-Zawahiri, a época número dois da organização terrorista e hoje seu líder máximo. "Ele é um estrategista."

O editor contou ter recebido duas novas ofertas de entrevistas com Bin Laden --uma poucos meses antes do 11 de Setembro, outra logo depois--, mas que as rejeitou por receio de ser perseguido pelos EUA e por extremistas islâmicos.

Atwan foi entrevistado pelo jornalista Geneton Moraes Neto, que já conversara com ele sobre o mesmo tema para uma reportagem no "Fantástico", da TV Globo.

FRANQUIAS

Autor do livro "A História Secreta da Al Qaeda" (Larousse) e preste a lançar outro sobre a nova geração da organização terrorista, Atwan disse que os seguiores de Bin Laden se espalharam pelo Oriente Médio e norte da África.

Ele disse que a Al Qaeda é hoje como uma franquia, "do tipo Kentucky Fried Chicken ou McDonald"s" e que "se a Primavra Árabe não conseguir promover democracia, liberdade, direitos humanos e estabilidade" no Oriente Médio, a organização terrorista vai murchar.

"Mas se os EUA quiserem controlar a região e se intrometerem nos assuntos internos do países, como costumam querer fazer, eles [os terroristas] podem virar ainda mais perigosos."






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