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Saúde
Terça - 21 de Junho de 2011 às 07:26

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Registrando cerca de 1,52 milhões de casos novos por ano, o câncer de pulmão é a principal causa de óbito, por câncer, no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além de apresentar rápido crescimento e grande probabilidade de disseminar-se para outros órgãos, a neoplasia é dificilmente rastreada em seu estágio inicial, diminuindo as chances de sobrevida do paciente.

Um dos fatores que pode atrasar o diagnóstico do câncer de pulmão, é a demora do paciente em procurar assistência médica. Aproximadamente 60% vão ao médico somente após um mês a partir do início dos sintomas, quando a doença pode já se encontrar em estágios avançados.

“O câncer de pulmão geralmente não tem sintomas específicos, embora muitos casos possam apresentar falta de ar, tosse e escarro com sangue. Nestes casos, um médico deve ser procurado com brevidade, para que o diagnóstico e início do tratamento aconteçam o quanto antes”, afirma o dr. José Rodrigues Pereira, membro da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT) e coordenador da Comissão de Câncer. 

Infelizmente, muitos pacientes demoram a procurar um médico, e mesmo quando o fazem, têm demora no diagnóstico porque os sintomas de câncer de pulmão,  tuberculose ou pneumonia são muito semelhantes e acabam sendo confundidos, retardando o início do correto tratamento.

“Esse é um reflexo das deficiências encontradas na formação do médico no Brasil, que muitas vezes sai da faculdade sem saber a diferença radiológica entre o câncer de pulmão, a tuberculose e a pneumonia para um diagnóstico correto e de forma rápida”, explica o especialista.

Diagnóstico incorreto

No Brasil são esperadas para este ano a confirmação de cerca de 27 mil novos casos da doença. Além destes, cerca de outros possíveis 90 mil indivíduos poderão ter câncer de pulmão, mas não chegarão ao diagnóstico correto.

“Os dados são alarmantes e o erro ocorre pelo país inteiro. Porém, as regiões do Brasil menos assistidas pelos serviços de saúde merecem maior atenção. Nestes rincões, com certeza, o número de mortes ocasionadas pelo câncer e não confirmadas é maior”, revela o médico.

Expectativa de vida

Mesmo com os avanços tecnológicos disponíveis, a expectativa de vida para os pacientes com câncer de pulmão ainda é baixa.

“A partir do momento do diagnóstico, caso o paciente não inicie o tratamento, sua expectativa de vida mediana varia entre 4 e 6 meses. Aquele que iniciar o tratamento logo após o diagnóstico, poderá obter uma melhor sobrevida mediana entre 9 e 12 meses. Com o emprego de uma nova geração de medicamentos alvo específicos, em fase final de desenvolvimento, essa expectativa de vida poderá ultrapassar dois anos ”.

Matematicamente, para cada dez pacientes que fumam, um terá câncer de pulmão. Por conta do alto risco, os tabagistas que, mesmo assim, continuarem fumando devem ter consciência e assumir a responsabilidade pelo seu vício. Seria conveniente que realizassem, anualmente, uma consulta com um especialista.
 
“Talvez, a sobrevida desses indivíduos fosse melhor  se o próprio paciente alerta-se o médico do seu vício e de sua maior expectativa em ter a doença, diminuindo o risco do diagnóstico incorreto e sobretudo tardio. O problema é mais sério se o paciente, por medo do diagnóstico, esconde seus sintomas”.

Avanços Tecnológicos

Hoje existem equipamentos de última geração como a tomografia de alta resolução, que permite identificar lesões mínimas passíveis de cura. Apesar de estarem disponíveis pela rede pública, equipamentos de alto custo e de alta tecnologia não resolverão o atraso no diagnóstico se o médico e o paciente não fizerem a sua parte.

“Não basta importarmos tecnologia se os médicos continuarem despreparados para diagnosticar o paciente com a doença. É preciso formação de qualidade e incentivar uma educação continuada para mudar este quadro” finaliza o especialista.






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