"Há um profundo desequilíbrio no apoio internacional às vítimas de deslocamentos forçados no mundo", reconhece o relatório 2010 do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) que reúne as estatísticas anuais sobre o fenômeno.
Atualmente, 43,7 milhões de pessoas são obrigadas a deixar suas casas pela violência, desastres ou perseguições, das quais 27,5 milhões são deslocados internos por conflitos.
Desse total, 25 milhões recebiam assistência e proteção do organismo das Nações Unidas no final do ano passado.
Em 2010, o número de pedidos de asilo subiu para 850 mil, dos quais uma quinta parte corresponde unicamente à África do Sul.
Dos solicitantes de asilo, os mais dramáticos são os 15,5 mil que correspondem às crianças órfãs, procedentes principalmente da Somália e do Afeganistão.
"As causas de deslocamento não estão sendo resolvidas. Neste ano, tivemos conflitos no norte da África, Costa do Marfim, Síria, Sudão e outros lugares que geraram a fuga de pessoas", sustentou o alto comissário adjunto para os refugiados, Alexander Aleinikoff, na apresentação do relatório.
Três de cada quatro refugiados mora em países vizinhos ao de origem e 42% do total vive em nações onde o Produto Interno Bruto per capita é inferior a US$ 3 mil.
Publicados por causa do Dia Mundial do Refugiado, celebrado nesta segunda-feira, os novos dados evidenciam que muitos dos países mais pobres do mundo acolhem enormes quantidades de refugiados, tanto em termos absolutos quanto em relação ao tamanho de suas economias.
Paquistão, Irã e Síria são os países com as maiores populações de refugiados, com 1,9 milhão, 1,1 milhão e 1 milhão, respectivamente.
"Precisamos de soluções", reivindicou o ""número dois"" do Acnur.
Segundo ele, 7 milhões vivem como refugiados "de longo prazo" (por cinco ou mais anos). No entanto, no ano de 2010 o número de refugiados assentados caiu frente aos anos anteriores, da mesma forma que os retornos aos países de origem.
"Em 2010, menos de 200 mil pessoas retornaram para suas casas, o que representa a menor quantia dos últimos dez anos", precisou o funcionário.
Sobre a percepção negativa dos refugiados nos países industrializados, ele justificou "os difíceis tempos econômicos e até mesmo algumas políticas populistas infelizes". Outro fator pode estar "nas diferenças culturais e religiosas".
Os afegãos, com 3 milhões de refugiados, representam a terceira parte do total mundial, seguidos pelos iraquianos, com 1,6 milhão, somalis (770 mil), da República Democrática do Congo (476 mil) e de Mianmar (415 mil).
A Alemanha é o país industrializado que acolhe o maior número de refugiados, 544 mil, pelos cálculos do Acnur.
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