Fórum pró-usina critica lentidão das obras impostas pelo Ibama
O Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (Fort Xingu) criticou ontem a lentidão com que a Nesa (Norte Energia S.A.) está cumprindo as condicionantes impostas pelo Ibama.
Com a licença emitida ontem para a hidrelétrica de Belo Monte, o fórum vai cobrar agilidade nas obras.
Vilmar Soares, coordenador do Fórum, teme que a infraestrutura não seja suficiente para suportar o fluxo migratório, que já começou.
Com a promessa da obra, 4.000 pessoas já chegaram à cidade de Altamira. A principal preocupação é o sistema de saúde.
O município de 100 mil habitantes tem hoje 538 leitos hospitalares, somados os disponíveis nas redes pública e privada.
"Para uma população de 100 mil pessoas teríamos de ter pelo menos 900 leitos", disse Soares.
As obras de sinalização de trânsito também estão atrasadas. A estimativa é que mais de mil veículos tenham chegado à cidade.
Hoje, entre motos e carros, Altamira tem 20 mil veículos cadastrados. "Parece pouco, mas a cidade começa a enfrentar congestionamento em alguns horários, algo que não existia aqui", diz.
Parte das condições para a emissão da Licença de Instalação, as obras de saneamento também não foram iniciadas, como determinou o Ibama. Hoje, apenas 20% da população tem abastecimento de água potável e ninguém dispõe de sistema de esgoto.
Pela licença emitida ontem, a Nesa tem até 2014 para concluir a universalização do abastecimento de água e de esgotamento sanitário em Altamira e Vitória do Xingu.
O Fórum anunciou que vai ampliar o grupo de monitoramento independente a fim de cobrar da Nesa os compromissos assumidos no processo de licenciamento.
"Somos uma instituição independente. Queremos o projeto, mas vamos cobrar o que foi prometido", afirmou Soares.
A prefeita de Altamira, Odileida Sampaio (PSDB), disse que as condicionantes não estavam sendo atendidas de forma rápida até agora. Ela também avalia que a Nesa terá condições de investir com mais rapidez nas obras de infraestrutura a partir da nova licença. "Acredito que agora as coisas vão acontecer", disse.
PACOTE
Na tentativa de limpar a imagem de Belo Monte, o governo divulgou ontem um pacote de R$ 500 milhões para o Plano de Desenvolvimento Sustentável do Xingu.
A cifra faz parte dos valores que as empresas responsáveis pela usina hidrelétrica se comprometeram a investir, além das contrapartidas socioambientais.
"Quase 20% do total da obra será utilizado para reestruturação urbana", disse Mirian Belchior, ministra do Planejamento.
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