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Internacional
Sexta - 20 de Maio de 2011 às 21:00

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Uma mulher francesa que estava considerando apresentar queixa contra Dominique Strauss-Kahn por uma suposta agressão sexual em 2002 não irá testemunhar no caso de tentativa de estupro contra o ex-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) em Nova York, disse o advogado dela nesta sexta-feira.

Autoridades norte-americanas estudam pelo menos dois casos anteriores envolvendo alegações de má conduta sexual contra ex-diretor-gerente do FMI, que nega as acusações e diz que vai lutar para provar sua inocência.

Daniel Janin/France Presse
A jornalista Tristane Baron, que não irá depor contra Strauss-Kahn em julgamento nos EUA
A jornalista Tristane Baron, que não irá depor contra ex-diretor do FMI, Strauss-Kahn, em julgamento nos EUA

Na França, o advogado David Koubbi disse à Reuters que sua cliente, a escritora Tristane Banon, se recusaria a testemunhar para investigadores dos EUA.

"A presunção da inocência não existe nos Estados Unidos. Minha cliente não quer que sua estratégia seja incluída nesse quadro", disse Koubbi.

A imprensa francesa não deu tanta atenção ao caso Banon quando surgiu pela primeira vez em 2007, mas agora voltou ao assunto desde a prisão de Strauss-Kahn em Nova York. O incidente nunca foi objeto de uma queixa formal.

Sob a lei francesa, acusações de agressão sexual devem ser apresentadas no prazo de três anos, mas acusações de tentativa de estupro podem ser feitas até dez anos após o suposto ataque.

Strauss-Kahn, deve ser liberado nesta sexta-feira, após o pagamento de uma fiança milionária. Será a primeira vez que o francês, acusado de agressão sexual, se encontrará com sua família desde que foi preso, no último sábado (14), em Nova York.

Ele conseguiu liberdade condicional na quinta-feira, em troca do pagamento de US$ 1 milhão em dinheiro e uma caução de US$ 5 milhões. Além disso, ele será monitorado 24 horas com uma tornozeleira eletrônica e deverá entregar seu passaporte e todos os documentos de viagem, ficando sob prisão domiciliar em Manhattan.

ACUSAÇÃO

O agora ex-diretor-gerente do FMI --que renunciou ao cargo na quarta-feira-- foi acusado formalmente de tentativa de estupro e agressão sexual contra uma camareira de um hotel de NY.

Em uma audiência realizada na segunda-feira estiveram presentes sua mulher e sua filha, Camille, ambas muito emocionadas. Strauss-Kahn responderá por sete acusações apresentadas pela promotoria.

  Richard Drew/Associated Press  
O ex-dirigente-geral do FMI foi indiciado por todas as acusações; fiança foi estabelecida em US$ 1 milhão
O ex-dirigente-geral do FMI foi indiciado por todas as acusações; fiança foi estabelecida em US$ 1 milhão

"São acusações extremamente graves", alertou o promotor Cyrus Vance ao final da audiência realizada no Tribunal Penal de Nova York.

Caso seja declarado culpado, Strauss-Kahn --cuja prisão abalou o Partido Socialista Francês, que pretendia lançá-lo como candidato nas eleições presidenciais de 2012-- pode ser condenado a até 74 anos de prisão.

Strauss-Kanh, de 62 anos, nega todas as acusações e será julgado em 6 de junho.

"É um grande alívio", disse um de seus advogados, William Taylor, ao referir-se à sua liberdade. "A situação agora é muito melhor do que quando começamos", acrescentou.

Os investigadores dizem ter provas físicas --incluindo um exame médico efetuado imediatamente após a denúncia-- que comprovariam a tentativa de estupro.

ATAQUE EM HOTEL

De acordo com seu depoimento, a camareira teria entrado no quarto do hotel acreditando que ele estava vazio, mas Strauss-Kahn estava no banheiro tomando banho. Ao sair, ele "a cercou por trás e a tocou de maneira inconveniente" e "a obrigou a cometer um ato sexual", alegam.

Strauss-Kahn deixou o hotel rapidamente, mas acabou sendo detido a bordo de um avião quando tentava voltar à França.

A União Europeia (UE), decidida a manter um europeu a frente do FMI, defende a candidatura da francesa Christine Lagarde, ainda que a lista de postulantes ao cargo seja grande e desperte o interesse dos países emergentes.

A Europa é o principal financiador do FMI e a tradição mostra que o cargo de diretor-gerente sempre esteve reservado a europeus desde a sua criação em 1944, enquanto que aos Estados Unidos é reservado a liderança do Banco Mundial.

No entanto, países como Brasil, China e México declararam nesta semana que as regras do jogo devem ser mudadas, pedindo para que se leve em consideração os méritos e não a nacionalidade na hora de escolher quem irá substituir Strauss-Kahn.

O secretário de Fazenda do México, Ernesto Cordero, se pronunciou a favor de Agustín Carstens, diretor do Banco do México, para o cargo.

Ao mesmo tempo, o também mexicano Angel Gurría, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), afirmou nesta sexta-feira em Paris que chegou a hora de um não europeu assumir a direção do FMI.






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