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Meio Ambiente
Sábado - 26 de Março de 2011 às 17:10

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Em Abrolhos, um dos maiores santuários marinhos da América do Sul, peixes de alto valor comercial e importantes para a regulação do ecossistema são capturados abaixo do peso e do tamanho mínimos para reprodução, ameaçando o equilíbrio de toda a região.

"Esses peixes saem do ambiente antes de estar maduros, sem deixar descendentes que garantam os ciclos de reprodução", diz Matheus Oliveira de Freitas, pesquisador do Museu de História Natural Capão da Imbuia (PR).

Ele coordenou um estudo inédito sobre o ciclo reprodutivo de algumas das espécies mais pescadas em Abrolhos, no sul da Bahia e norte do Espírito Santo, incluindo as famílias dos badejos, garoupas e vermelhos.

Os cientistas esperam que o trabalho ajude na regulamentação da pesca dessas espécies que, por enquanto, podem ser capturadas livremente, sem restrição alguma de época e tamanho.

No Brasil, ao contrário de boa parte da América do Norte e do Caribe, há grande deficiência de informações sobre a dinâmica reprodutiva de peixes ameaçados e com grande valor comercial.

Sem esses dados não é possível gerir a pesca de forma sustentável, minimizando os danos ao ambiente.

No caso de Abrolhos, os peixes mais valorizados são também grandes predadores que ajudam no controle de outras espécies menores. Algo essencial para a manutenção do delicado equilíbrio nos recifes de corais.

REPRODUÇÃO

Após dois anos e meio de trabalho analisando os exemplares capturados por pescadores da região, os cientistas conseguiram identificar o período de reprodução dos peixes, bem como características de tamanho e dinâmica de movimentação.

Ainda falta, porém, descobrir os locais exatos de desova. Com isso será possível criar pontos de bloqueio à pesca no período de reprodução, entre outras medidas.

"Na desova, esses peixes se concentram em grandes cardumes, às vezes com milhares de indivíduos. Isso os torna mais vulneráveis aos pescadores", diz Freitas.

Para chegar até esses locais, o grupo espera ter a ajuda dos próprios pescadores. Cerca de 70% da pesca no arquipélago é artesanal.

"Os pescadores sabem onde estão muitos pontos de desova. Queremos mapeá-los juntos" conta o coordenador do trabalho, publicado na revista "Scientia Marina" e financiado pela ONG Conservação Internacional.

Segundo ele, todas as descobertas foram repassadas aos pescadores em palestras, para conscientizá-los da importância de respeitar o desenvolvimento dos peixes.






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