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Internacional
Sexta - 25 de Março de 2011 às 16:01

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AP
Imagem do dia 21 de março mostra Ali Zeidan; o opositor criticou a postura do Brasil em relação à intervenção na Líbia
Imagem do dia 21 de março mostra Ali Zeidan; o opositor criticou a postura do Brasil em relação à intervenção na Líbia

Brasil e os países emergentes que vêm se posicionando contrários à intervenção militar internacional na Líbia foram alvo de críticas de uma das lideranças dos insurgentes que desejam derrubar o ditador Muammar Kadafi do poder. Um dos dirigentes da Liga dos Direitos Humanos da Líbia, Alie Zeidan, afirmou nesta sexta-feira em Paris que "não aceita" que os países se oponham à reivindicação de ajuda feita pelo povo líbio, na expectativa de pôr fim à violência no país.

"Nós lembramos que essa intervenção vem de um apelo feito pelo povo líbio à comunidade internacional. Kadafi está matando civis, promovendo um genocídio contra o seu próprio povo. É por isso que não admito a postura que o Brasil teve", afirmou Zeidan, em resposta a uma pergunta feita pelo Terra durante uma coletiva de imprensa, na qual falou para jornalistas estrangeiros, na capital francesa. "Essa postura é inaceitável", disse, exaltado, o defensor dos direitos humanos na Líbia. Zeidan ocupa também o cargo de porta-voz na Europa do Conselho Nacional de Transição, governo provisório instalado pelos rebeldes de Benghazi, no leste da Líbia e onde a revolta popular ganhou força no país.

O Brasil, assim como a China, a Rússia, a Alemanha e a Índia, se absteve da votação da resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, que autorizou a intervenção militar internacional na Líbia para instaurar uma zona de exclusão aérea no país e impedir que Kadafi continue bombardeando a própria população. Poucas horas após a partida do presidente americano Barack Obama do Brasil, onde realizou visita oficial no final de semana passado, a presidente Dilma Rousseff pediu o cessar-fogo na Líbia e uma "solução pacífica" para o conflito.

O líder insurgente explicou que não considera a intervenção militar promovida pela coalizão internacional - liderada por Estados Unidos, França e Inglaterra - como uma ingerência nos assuntos internos líbios. "Poderia ser visto desta forma se estivéssemos vivendo uma situação estável. Mas a situação real é outra, de crimes sucessivos contra a humanidade, e uma reação a isso não precisa de muita reflexão ou filosofia. Ela é necessária."

Zeidan - que está na França para articular conversas com dirigentes e organizações internacionais - ponderou que "compreende que o Brasil seja favorável a uma via diplomática", mas considera que os brasileiros e demais emergentes parecem não ter compreendido a dimensão da violência que tomou conta da Líbia. De acordo com a Liga de Direitos Humanos no país, entre 6 e 12 mil pessoas já morreram desde o início dos confrontos, em 17 de fevereiro.

"Acho que vocês, o Brasil, a Rússia e a Índia, não viram direito todos os crimes e genocídios que foram cometidos na Líbia", disse o representante do CNT, para quem a aprovação da resolução da ONU era uma obrigação da comunidade internacional. "Todos os meios diplomáticos foram tentados por quase um mês, sem sucesso. Não havia outra alternativa a não ser a intervenção."

Ele ainda afirmou que, se a resolução não tivesse sido aprovada, o ditador teria continuado a usar todos os meios possíveis para calar as vozes contrárias ao regime.

Projetos para a Líbia pós-Kadafi
Zeidan explicou que o Conselho Nacional de Transição já se prepara para a era pós-Kadafi: inicialmente, uma comissão vai apresentar uma proposta de Constituição para o país, amparo legal que não existe atualmente. Em seguida, eleições democráticas para o Parlamento serão convocadas, segundo ele, e os futuros deputados analisarão o texto constitucional, que deverá ser aprovado pela população através de um referendo. O representante rebelde garante que o levante popular contra o ditador almeja um Estado democrático e laico.

Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.

A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.

 





Fonte: Terra

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