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Opinião
Domingo - 20 de Junho de 2021 às 10:18
Por: Renato de Paiva Pereira

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A febre aftosa é causada por um vírus agressivo que infecta principalmente bovinos, caprinos, ovinos e suínos, mas os humanos normalmente não correm o risco de contrai-la.

Esta doença foi controlada no Brasil a partir do momento em que o governo central determinou a obrigatoriedade da imunização, exigindo comprovação da efetiva aplicação nos órgãos competentes. Sem ela não se comercializa animais.

A adesão ao programa de erradicação da aftosa não foi muito fácil, porque os negacionistas, que já existiam mesmo antes da palavra ser inventada, diziam que a vacina não funcionava. “Basta” - diziam alguns conservadores teimosos – “colocar uma colher de querosene na nuca de cada animal duas vezes por ano, para ficar livre da doença”.

Se somos forçados a vacinar os animais contra um vírus para evitar prejuízos financeiros, por que não aceitamos a mesma imposição para salvar vidas humanas?

Com espanto vejo os adeptos do querosene defendendo essa ideia maluca. Só que hoje, o santo remédio que eu vi ser usado em animais nos anos 1970, recebeu o nome de Cloroquina e é aplicado em humanos. O problema não é tomar cloroquina, que seria um decisão individual, mas sim recusar a vacina o que causa um mal coletivo.

Doenças viróticas de humanos e de animais – Febre aftosa, Paralisia infantil, Sarampo, entre outras tantas - só podem ser evitadas com vacinação. É o caso da Covid-19, maior problema de saúde no mundo, atualmente.

Entretanto, há uma inacreditável resistência em tornar a imunização humana obrigatória. Se somos forçados a vacinar os animais contra um vírus para evitar prejuízos financeiros, por que não aceitamos a mesma imposição para salvar vidas humanas?

O problema é que há uma má vontade do governo contra a imunização de pessoas e uma posição refratária a qualquer tipo de obrigatoriedade de sua aplicação. Até o “passaporte da vacina” que está sendo discutido no Congresso, uma excelente medida já adotada em outros países, parece um natimorto, pois o Presidente já antecipou a decisão vetá-lo. Ele será exigido, se os parlamentares derrubarem o veto, em diversos ambientes públicos ou privados para evitar que pessoas irresponsavelmente inimigas da ciência continuem a transmitir o vírus, prolongando a pandemia.

Aliás, é estranho que os adultos rejeitem a obrigatoriedade das vacinas em si mesmos e as aceitem com naturalidade em seus filhos. Há hoje no Brasil cerca de 15 vacinas exigidas para que as crianças frequentem escolas ou creches e raríssimos recusam a submeter seus rebentos à imunização. Na verdade o fazem com satisfação, para livra-los das doenças que elas previnem.

Na Rússia - onde morreram menos de 90 pessoas por milhão de habitantes - antes de uma possível proposta de imunização obrigatória, o Presidente Putin está lançando sorteios de apartamentos e carros entre as pessoas que se vacinarem voluntariamente. Aqui no Brasil - com 230 mortes por milhão - o Bolsonaro, ao contrário do Russo e de todos os líderes mundiais, aposta que a imunidade de rebanho se dá, não pela vacina, mas pelo contágio. Assim, estimula a exposição ao vírus condenando máscaras e distanciamento.

Creio que ele (o Bolsonaro) poderia incrementar sua campanha contra esses “maricas” que tem medo da Covid, sorteando um túmulo e as despesas de funeral entre os que reusarem a vacina.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor



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