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Opinião
Terça - 23 de Novembro de 2021 às 06:35
Por: Auremácio Carvalho

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A política em geral e a partidária no Brasil, e em Mato Grosso não é diferente, gira em torno de “coronéis” e donos de partidos e currais eleitorais, tornando a atividade política, um patrimônio pessoal, grupal ou familiar, o famoso patrimonialismo da coisa pública, como ensina Raimundo Faoro, no clássico “Os Donos do Poder”, ou Victor Nunes Leal, ex-ministro do STF, cassado pela Ditadura, no também indispensável.

“Coronelismo, Enxada e Voto”.E, atualmente, acrescenta-se uma nova vertente: os “coronéis religiosos”, que usam a religião como arma política para a defesa de interesses pessoais e grupais, como assistimos nos dias atuais.

O povo/eleitor é massa de manobra, joguete nas mãos dos poderosos e insubstituíveis dirigentes e donos de partidos que se perpetuam no poder, beneficiando parentes e aderentes, com cargos e sinecuras.

Daí, a necessidade de um terceiro nome, uma terceira via, que possa atuar com independência, ética e compromisso com o Estado, de forma a buscar o bem comum de Mato Grosso e do Brasil, uma terceira via de político a ser aprovada ou não pelo eleitorado estadual. Por isso, é comum a sensação do eleitor: ”meu Deus, foi esse o político que votei?” -(vereador, deputado estadual, federal.; senador ou presidente da repúbica). O que explica esse fenômeno?

1-O produto oferecido: geralmente, os candidatos que se apresentam são santo, imaculados, bons pais de família (é a primeira imagem que veiculam); patriotas e cumpridos da lei. O eleitor, que, compra o produto pela capa, engole a pílula;

2- A embalagem. Cenários de cachoeiras, céu de brigadeiro, coisa de novela. Como não votar num candidato que vai trazer uma hidroelétrica para minha região. embora aqui não tenhamos rio corrente? “ele vai dar um jeito”. Aquela família feliz, bem alimentada, os filhos na escola; será realidade; “uma nova maneira de fazer política”; ou, mais claro, novas formas de roubar e enriquecer a família e os amigos;

3- O discurso- em geral, nenhum. Promessas que até Deus duvida; mas, o eleitor crê fielmente- (”Deus apontou”- talvez, num momento de cochilo do Senhor!!!!). Ou, o mais comum: Fake news, dossiês familiares, desconstrução de reputações; frases soltas ou inconsequentes ditas pelo adversário no passado, escorregões que agora se tornam verdades absolutas. Qual eleitor/a que não gosta de fofoca e de roupa suja lavada na rua?. Todos nós.

É o espetáculo BBB do “horário eleitoral”- tão esperado quanto a novela das 20 horas: lágrimas, risos, ódios, torcida pelo vilão..(“No fim, ela vai casar com ele”; “ele só bebe socialmente, vai mudar”).Quem traiu; surubas na adolescência, mocidade ou vida adulta; agressões à mulher, amantes, uso de drogas, prato cheio. O conteúdo do produto? Zero.

A justiça no Brasil, como é de praxe, demora conforme a cara do freguês

É como casar com uma cinderela de sapatinhos de cristal e acordar com uma bruxa ao seu lado. Ou, dormir com o príncipe encantado (“o homem da minha vida”) e acordar com um sapo ao lado.

Acontece nas melhores famílias. Já estamos no período da caça ao eleitor- esse ser etéreo e invisível que só vimos de quatro em quatro anos: tapinhas nas costas; visitas semanais a minha “base eleitoral” (“nossa, eu tenho uma base eleitoral...e nem sabia”); fotos, doações, emendas apressadas, novas promessas ... afinal, já dizia mestre Maquiavel: “ os fins justificam os meios”. Grande sábio.

O que vemos hoje? conchavos, alianças nada republicanas, “casamentos que já nascem mortos”, pois o noivo e a noiva não despertam a menor confiança, pelo passado que não dá pra empurrar pra debaixo do tapete; o que se quer é reeleição, impunidade e os sossego dos familiares e amigos. Mas, pode acordar pós eleição, um cidadão comum, aí, adeus foro privilegiado; adeus amigos do filho pródigo (as benesses acabaram); a coisa vai engrossar.

A justiça no Brasil, como é de praxe, demora- conforme a cara do freguês, mas, um dia chega: algemas, camburão, mídia, cadeia, tornozeleira. Um pesadelo. Em resumo: compramos gato por lebre... toda eleição. Será que vamos comprar de novo? Depende.

Será que agora não dá pra analisar o desempenho e as promessas feitas? Na dá pra pesquisar a vida passada dos novos “heróis da pátria” que estão surgindo? Fazer uma “prévia” particular; puxar a capivara- como se diz na linguagem policial: o que pensam; fizeram; ética, moral, família? Será que não dá pra ler nas “entrelinhas” dos discursos, falas eloquentes, lágrimas devoção religiosa ?

O parlamento tem servido como covil de criminosos..Fala-se em um terço dos parlamentares respondendo a processos... que vão, em sua maioria, prescrever. Leitor/a: o Brasil hoje é um país desvastado, saqueado, sem esperanças. 13 milhões de pessoas tem a esperança do pão de cada dia vindo, mesmo que seja mofado, dos lixões, ou do triste espetáculo de famílias inteiras revolvendo o caminhão de lixo que passa na sua rua, em busca de restos deteriorados de alimentos para a família. Dá pra mudar esse quadro? Depende de nós, eleitor/a.

Uma terceira via é possível; mas, que não seja “mais do mesmo”; um novo “seis por meia dúzia”; um novo “salvador da pátria”. Dá tempo de ver, ouvir, analisar, avaliar conteúdo, e adquirir, no mercado político, dentre as dezenas de ofertas, um produto que, ao menos, não venhamos depois a acionar o Procon, por propaganda enganosa.

Auremácio Carvalho é advogado.



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