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Terça - 08 de Junho de 2010 às 19:40

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"A mãe era nosso tesouro". A frase é de Cleiton Aparecido Jonck, que presenciou o momento em que a mãe foi atingida por um tiro ao ser confundida com uma onça no interior de Mato Grosso. O autor dos disparo foi o pai dele, Geraldo Jonck. Prestes a completar uma semana da tragédia que abalou a cidade de Tapurah, o filho de Edersira Aparecida Maikute Jonck (52) quebrou o silêncio e conversou com o site da TV Centro América. Ele contou, em um relato emocionado, o que aconteceu nos momentos que antecederam a tragédia.

Edersira, Geraldo e Cleiton, filho mais velho do casal, tinham ido pescar na manhã de quinta-feira no rio Cristal, na propriedade deles em Tapurah. Segundo informações da polícia, o acidente aconteceu quando a vítima foi ao encontro do marido, que estava em outro ponto rio. Ainda de acordo com a polícia, o marido Geraldo Jonck teria se assustado com o barulho no meio da mata. Pensando se tratar de uma onça, ele sacou uma espingarda e atirou. O tiro atingiu Edersira, que morreu antes de chegar a um hospital.

Cleiton morava em um sítio na zona rural da cidade junto com a mãe e o pai. Segundo ele,  Geraldo ainda está muito abalado com que aconteceu e se recupera na casa de uma das filhas. "Não está sendo fácil. Estamos tentando superar o que aconteceu. A mãe era nosso tesouro", relata. A missa do sétimo dia será realizada nesta quarta-feira, na Paróquia Central da cidade, às 19h30.

Da missa à pescaria

Cleiton relata que no feriado de Corpus Christi o plano da família era ir à igreja. Mas por conta dos afazeres do sítio, terminaram tarde e não foi possível ir à missa. Então resolveram ir pescar. Edersira foi junto com o marido e o filho, como de costume. "Ela sempre ia com a gente para buscar orquídeas no mato", disse o filho ao site TVCA.

Quando chegaram no local da pescaria, a família se separou. Geraldo foi para outro ponto do rio enquanto Edersia ficou com o filho. Cleiton revela que a mãe se ausentou do local onde estavam sem que ele percebesse. "Não percebi quando ela saiu de perto de mim para ir onde meu pai estava. Foi então que aconteceu", conta.

Segundo ele, o lugar é uma mata densa de difícil acesso. Por ser comum a aparição de onças pela região, eles costumavam levar a espingarda na pescaria como proteção. "A gente sempre usou a arma para nos proteger. Nunca houve intenção alguma de machucar alguém." ressaltou. Cleiton conta que o pai se assustou com o barulho no mato e como tinha a certeza que a esposa e o filho estava em outro ponto, atirou pensado ser um animal.

Pânico e a última lembrança

Quando ouvi o tiro, o filho de Edersira correu para ver o que tinha acontecido. Chegando no local se deparou com a mãe caída na mata e gritou pelo pai. "Chamei meu pai e quando ele viu a mãe ali no chão, entrou em pânico", lembra Cleiton. De acordo com o filho, eles tentaram socorrer a vítima, mas por estarem muito afastados da cidade não deu tempo de levá-la com vida a um hospital.

Geraldo Junck chegou a carregar a esposa por um tempo, mas estava em estado de choque e não conseguiu prosseguir muito tempo na tentativa de socorrer Edersira. "O pai andou uns mil metros com ela nas costas e não aguentou. Depois ele a deixou comigo e saiu gritando por socorro, mas não deu tempo", disse.

Emocionado, o filho conta sobre seu último momento com mãe. "A última coisa que lembro dela foi olhar. Não era um olhar de raiva, mas sim um que dizia pra ficarmos calmos", relatou.

O pai Geraldo prestou depoimento à polícia local. Ele deve responder pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar.





Fonte: TVCA

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