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Internacional
Quinta - 06 de Maio de 2010 às 19:08

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A Corte Suprema de Cassação da Itália [máxima instância judicial do país] absolveu nesta quinta-feira definitivamente oito pessoas --entre elas um sacerdote-- acusadas de abusar sexualmente de cerca de 20 crianças na região de Brescia, norte da Itália.

O caso veio à tona em 2003 e abalou a opinião pública local. Segundo a Procuradoria, os supostos violadores -- que trabalhavam em um jardim de infância -- teriam abusado sistematicamente de crianças, utilizando-as também para a produção de material pornográfico.

Duas professoras, que estavam entre os investigados, permaneceram quase um ano detidas.

O episódio, que passou a ser denominado pela imprensa como o "Kinder Garden dos horrores", teve grande repercussão no país, pelo fato das agressões se referirem a uma conhecida escola do centro da cidade, que se autodefine a capital pedagógica da Itália.

Também causou revolta o modo com o qual as acusações foram desmentidas, em 2007, no Tribunal de Segunda Instância de Brescia, cuja decisão oi ratificada hoje.

Segundo a tese da acusação, 12 pessoas -- das quais oito foram processadas -- teriam cometido uma série de graves violações contra os alunos do centro educacional, que seriam levados a uma casa, onde eram abusados e filmados.

Entre os envolvidos estariam professores e orientadores da entidade. O nome de um sacerdote, Mario Neva, também foi citado no caso, já que ele defendia os investigados e chegou, inclusive, a organizar manifestações de apoio às mulheres que estavam detidas.

Relatório

Em abril de 2007, o tribunal local anunciou sua decisão em um documento de 585 páginas. No texto, os juízes apontavam que a base probatória da Procuradoria eram as declarações das crianças supostamente abusadas, material que foi considerado insuficiente, já que teria sido manipulado.

De acordo com a Justiça, a confusão no depoimento das crianças "foi ulteriormente complicada pelas inter-relações recíprocas entre os pais que, compreensivelmente alarmados pelas notícias sobre os possíveis abusos, de fato substituíram os organismos investigativos".

Segundo os magistrados, "em muitos casos, os filhos [supostos abusados] foram submetidos a duros interrogatórios, por meio de metodologias inapropriadas e em um contexto emotivo forte", circunstâncias que fizeram com que os pais das crianças "compartilhassem uma sorte de verdade coletiva", imposta pela "sugestão" que, depois, induziu uma "colonização mental".

No mesmo documento, os juízes ratificavam que "os abusos não existiram" e afirmam que as "declarações extravagantes" de duas crianças e "o mecanismo de sugestão" desencadeado levou a "uma série de gravíssimas acusações", que foram desmentidas por meio de investigações.





Fonte: Ansa

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