Entrega de celular e droga confirmado no Presídio Central em Cuiabá

A confirmação do esquema criminoso em que um agente prisional cobrava R$ 800 para entregar celulares e entorpecentes a detentos do Presídio Central do Estado (antigo Pascoal Ramos) levou a polícia a desarticular o maior comércio cativo de drogas com clientes e lucros garantidos. A observação é do delegado Paulo Alberto Araújo, da Delegacia do Complexo do Coxipó e responsável pelas investigações em que 35 detentos foram ouvidos.

Segundo o delegado, do lado de fora do presídio, os traficantes ainda tem a concorrência, uma vez que os usuários nem sempre compram cocaína ou pasta-base de uma mesma boca-de-fumo. “Nos presídios, os traficantes ainda agem com segurança”, completou.

A denúncia chegou até a Polícia Civil na última segunda-feira. Quatro dos 35 detentos do cubículo 4 da Ala A confirmaram o pagamento de R$ 650 a um agente prisional que cobrou, de comissão, R$ 800. Como faltaram R$ 150, o agente prisional teria tomado os celulares e as drogas.

A comissão envolveu a entrega de dois celulares e uma porção de droga, na última sexta-feira, para alguns presos que denunciaram o esquema, após serem trocados de celas. Eles ficaram dois dias nas celas de concreto - conhecidas como Ala Shelder - sem comida, o que revoltou os detentos. Na segunda-feira à tarde, eles se rebelaram e quebraram cadeados, portas e janelas das celas. Ao serem levados para a Delegacia do Complexo do Coxipó, denunciaram todo o esquema. Os presos, no entanto não disseram desde quando o agente prisional repassa celulares e drogas.

O delegado informou que deverá ouvir o diretor do presídio, José Carlos de Freitas, nos próximos dias, assim como o agente prisional denunciado. Paulo Araújo explicou que foi preciso uma verdadeira “força-tarefa” para ouvir os detentos, exigindo o trabalho de quatro delegados e mais de uma dezena de escrivães. Segundo policiais plantonistas, sempre existiu a suspeita de participação de pessoas de dentro de presídios na entrega de celulares e drogas aos detentos.