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Cidades/Geral
Sexta - 23 de Abril de 2010 às 04:44
Por: Renê Dióz

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Magistrado determinou a manutenção da prisão e ainda os pronunciou por fraude, denunciação e furto
Magistrado determinou a manutenção da prisão e ainda os pronunciou por fraude, denunciação e furto

A Justiça determinou que os quatro seguranças do Goiabeiras Shopping acusados de terem espancado até a morte o comerciante Reginaldo Donnan Queiroz, 31 anos, no ano passado, sejam julgados pelo Júri Popular. A decisão foi assinada ontem pelo juiz Lídio Modesto da Silva Filho, da Comarca de Cuiabá, que também manteve a prisão preventiva dos acusados Ednaldo Belo, 30, Jorge Dourado Nery, 31, Valdenor de Moraes, 41, e Jefferson Medeiros, 25. Eles serão julgados pelos crimes de homicídio doloso, fraude processual, denunciação caluniosa e furto qualificado.

A morte de Reginaldo em setembro passado foi um dos crimes mais chocantes ocorridos em 2009, pela discriminação e pela brutalidade contra o vendedor ambulante, motivos pelos quais o “caso Goiabeiras” também ganhou repercussão nacional – tal como as imagens de circuito do shopping, com praticamente toda a história do crime.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, Reginaldo entrou no Goiabeiras portando mercadorias próprias para comprar ingressos para um show. Num primeiro momento, foi questionado sobre seus pertences por Valdenor, que voltou com Jefferson e levou os objetos de Reginaldo para a sala de segurança do shopping. O comerciante saiu do estabelecimento, mas voltou a ser abordado por Valdenor, que o levou para reaver seus objetos, mas Reginaldo se recusou a entrar na sala e foi a um café, onde relatou a uma atendente a discriminação e o roubo de R$ 1 mil que sofrera há pouco por parte dos seguranças.

Depois, o comerciante foi a outra loja, onde escreveu uma carta contando o que ocorrera até então. Na saída, Jefferson e Ednaldo o imobilizaram e o levaram para a sala de segurança. Foi contido também pelo quarto segurança, Jorge. Aí começou a série de espancamentos. Reginaldo foi atirado no chão e começou a levar socos e pontapés de Jefferson e Ednaldo. Tudo foi assistido por Valdenor e Jorge, o último guardava a porta. Para esconder a vítima, os seguranças o colocaram desacordado num contêiner de lixo para depois pô-lo num camburão de polícia – isso tudo foi registrado por câmeras de circuito interno.

Reginaldo chegou a ser levado para ser atendido no Pronto-Socorro de Cuiabá. Lá, o quadro clínico se agravou rapidamente, o comerciante não resistiu e morreu. Embora vítima, um boletim de ocorrência foi registrado relatando que ele teria tentado agredir Jefferson e Ednaldo com um estilete. A sala de segurança foi limpa após o crime.

JULGAMENTO - Para o juiz Lídio Modesto, o relato e os depoimentos de diversas testemunhas ouvidas no inquérito e em juízo contêm evidências de materialidade do crime e de autoria por parte dos quatro seguranças denunciados tanto no homicídio de Reginaldo quanto nos crimes relacionados: fraude processual (limpeza da cena do crime), denunciação caluniosa (boletim de ocorrência sobre suposta tentativa de agressão por parte de Reginaldo) e furto qualificado (os R$ 1 mil que sumiram do bolso da vítima). Modesto determinou que todos os crimes sejam julgados pelo Tribunal do Júri.

ACUSAÇÃO – Para o advogado da família de Reginaldo e assistente de acusação Hélio Nishiyama, a pronúncia dos quatro seguranças representa mais um passo em direção à Justiça. Ele também acredita que, embora sejam cabíveis, a defesa não deve entrar com recursos antes do julgamento. Isto seria prejudicial para os acusados, que continuarão presos até o julgamento – que ainda não tem data marcada.

Nishiyama destaca que a decisão da pronúncia também é importante por se tratar de um caso no qual a família da vítima sofreu ameaças durante o inquérito e pela revolta popular gerada. A reportagem tentou, sem sucesso, falar com um dos advogados de defesa, Waldir Caldas, mas ele não atendeu às chamadas telefônicas.






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