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Cidades/Geral
Quarta - 31 de Julho de 2013 às 12:36
Por: Katiana Pereira

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Uma pesquisa de campo realizada pelo Tribunal de Justiça no Centro Socioeducativo de Cuiabá, o Complexo Pomeri, apontou que jovens em conflito com a lei, que são submetidos às medidas socioeducativas, 71% voltam a cometer crimes. 


 
Os dados comprovam que o índice de reincidência é extremamente alto - de cada dez menores apreendidos, seis já foram detidos outras vezes- demonstrando a falência do atual sistema aplicado. 


 
O juiz auxiliar da Corregedoria-Geral de Justiça, Antonio Veloso Peleja Júnior, destaca o perfil do adolescente infrator. Conforme estudo feito por ele em março deste ano a maioria desses menores é negra (32%) ou parda (56%), possui baixa escolaridade tendo apenas o ensino fundamental (67%) e no máximo o ensino médio (33%), segundo informação da assessoria de imprensa do TJMT.


 
Eles também são pobres e vêm de uma família desestruturada. “São jovens sem pai, a mãe trabalha o dia inteiro para prover o lar, tem baixa autoestima e baixo rendimento escolar, vivem em ambiente perigoso, ou seja, em bairros periféricos de bastante violência e tráfico de drogas”, complementa o magistrado. 


 
O delegado adjunto da Delegacia Especial do Adolescente (DEA), Eduardo Botelho, destaca que os resultados demonstram que os menores não estão sendo de fato recuperados e isso acontece em função de uma somatória de fatores. Um deles é a precariedade da estrutura socioeducativa, as questões familiares que não colaboram para a recuperação e o fato desses jovens não darem valor à educação se evadindo do ambiente escolar.


 
“Por isso que ao lado do trabalho investigativo é importante que a polícia faça também um trabalho preventivo indo às escolas públicas semanalmente para realizar palestra, fazendo a abordagem solidária com o encaminhamento dos jovens às entidades filantrópicas para tratamento médico e psicológico”, ressalta o delegado. 



Tráfico e roubo


 
Na pesquisa observou-se ainda que as principais infrações cometidas por esses adolescentes são tráfico ou porte de drogas e roubo.


 
O magistrado concorda com o delegado que se os adolescentes retornam à situação irregular é porque algo está falhando no cumprimento das reprimendas e várias questões têm que ser analisadas. “Não existe soluções simples e imediatas para problemas complexos, elas são lentas e graduais. Quando voltam para casa os jovens precisam do apoio dos familiares e do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social – atendimento básico) e CREAS (Centro de Referência e Assistência Social – atendimento de média e alta complexidade) para o tratamento de toda a família”, frisa.


 
Alternativas 


 
O juiz salienta a importância dos municípios construírem unidades de internação semiaberta, que faz a ponte entre a internação e a liberdade assistida, e também da necessidade de ampliação da rede de entidades que se dispõem a receber trabalhos comunitários de adolescentes infratores. Segundo o juiz Peleja, em Cuiabá este tipo de atividade para menores só existe no Museu do Rio. 


 
“É imprescindível estender esta rede de preferência para os bairros, em lugares próximos à casa do menor para facilitar que cumprem as medidas. Muitos desanimam porque têm que pegar dois ou três ônibus para chegar até o local”, observa.





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