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Cidades/Geral
Sábado - 10 de Abril de 2010 às 11:13
Por: Eduardo Cruz

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Rodrigo Moraes
O Professor Guaraci, do curso de Enfermagem da UNED, coordenou o evento e foi um dos primeiros a tecer considerações sob
O Professor Guaraci, do curso de Enfermagem da UNED, coordenou o evento e foi um dos primeiros a tecer considerações sob

Secretários de Saúde, médicos, psicólogos e outros especialistas da área engajados no serviço público de Diamantino, Nobres, Nortelândia, Nova Maringá e São José do Rio Claro se reuniram nesta sexta-feira (09) na Câmara Municipal para participar da I Conferência Regional de Saúde Mental, presidida pelo Diretor do Escritório Regional de Saúde sediado na cidade, Paulo Lima da Silva Filho. O evento é uma etapa prévia e local da III Conferência Estadual de Saúde Mental, a ser realizada em Cuiabá nos dias 20 e 21 de maio, com a presença de delegados designados pelos municípios e portadores das propostas elaboradas em nível regional.

Um dos primeiros a falar foi o Prof. Guaraci Arruda dos Santos (Enfermagem - UNED), em cuja opinião o descaso da própria sociedade com as pessoas afetadas por transtornos mentais leva os órgãos públicos a adotarem políticas paliativas, dando origem a situações cíclicas: “Muitas vezes, o paciente é jogado ao relento pela sua família e o problema é assumido pela Secretaria de Saúde, que entra em ação e consegue deixar o paciente ‘feliz’, mas dentro de alguns dias ele ‘surta’ novamente e volta”.

Outro destaque da Conferência foi a palestra proferida pela Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Desidério Cutiaro, psicóloga do Hospital Adauto Botelho, sediado em Cuiabá. Segundo a profissional, o próprio SUS ainda tem um longo caminho a percorrer até abordar os desafios dessa área de forma satisfatória, pois “ainda há hospitais e PAs não querem saber do doente mental, ignorando que não raro o paciente padece de problemas clínicos decorrentes do uso de bebidas e drogas”. Por outro lado, a situação atual, frisou Cutiaro, é infinitamente melhor do que a existente nos anos 80, marcada pela vigência de uma verdadeira “indústria da loucura, onde muita gente enriqueceu às custas da terceirização das internações”. Naquela época, uma inspeção geral fechou dezenas de hospitais psiquiátricos que mais pareciam presídios e constatou-se que cerca de 80 “malucos” haviam sido abandonados por seus familiares nessas instituições.

A Conferência estendeu-se por toda a manhã, foi suspensa durante o horário de almoço e depois retomada, terminando por volta das 17:00. Ao longo do dia, os presentes votaram as propostas que serão encaminhadas pelos municípios à III Conferência Estadual de Saúde Mental e escolheram os delegados encarregados de representá-los no evento. Nesse contexto, o Secretário de Saúde de Alto Paraguai, Manoel Avallone, considera fundamental “levar a realidade dos municípios para as deliberações que lá ocorrerão, de forma que cada cidade seja vista de acordo com suas peculiaridades e todos sejam atendidos de maneira igualitária”. Nesse sentido, viu como “extremamente positivos” os resultados obtidos nesse dia inteiro de trabalho.

O Diretor do Escritório Regional de Saúde, Paulo Lima da Silva Filho, também avaliou o encontro como “satisfatório, porque surgiram muitas idéias interessantes”. Todavia, ele considera que a falta de interesse do público pelo tema continua a ser uma lacuna a ser preenchida: “Houve maciça participação dos profissionais, mas a população não compareceu no nível desejado. O que temos nesse evento, basicamente, são gestores da coisa pública e profissionais do ramo. Não temos outros segmentos sociais opinando aqui, o que seria importante, já que essas discussões se tornarão políticas públicas e dizem respeito a toda a comunidade”. A realização da III Conferência Estadual de Saúde Mental foi aprovada pela Resolução CES nº 008/2010, baixada em 17 de março deste ano, e será centrada nos seguintes eixos temáticos: pactuar caminhos intersetoriais, consolidar a rede de atenção psicossocial, fortalecer os movimentos sociais, os direitos humanos e a cidadania.






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