Aparecido Alves, secretário do PAC da Prefeitura de Cuiabá, que continua na briga jurídica com Consórcio Cuiabano; Cuiabá e Várzea Grande perdem mais de R$ 400 milhões em obras de saneamento
TCU rejeita Consórcio Cuiabano; projetos do PAC devem entrar no rol de obras inacabadas

O Tribunal de Contas da União não aceita que o Consórcio Cuiabano, formado pela Três Irmãos, Concremax, Gemini, Lúmen e Encomind, retome às obras do PAC em Cuiabá e Várzea Grande, apesar das empreiteiras terem recorrido à Justiça e reconquistado esse direito. Se persistir, o TCU já avisou que vai considerá-las irregulares. Diante desse pepino e de mais um imbróglio técnico e jurídico, a tendência é que os projetos que deveriam resultar em mais de R$ 400 milhões de investimentos em saneamento e pavimentação asfáltica nos dois maiores municípios mato-grossenses entrem para o rol de obras inacabadas.
O secretário extraordinário do PAC em Cuiabá, Aparecido Alves, insiste na tese de que as obras vão ser viabilizadas por meio de novos processos licitatórios, depois da reviravolta em torno dos projetos. O problema é que já se vão dois anos nessa "ladainha". Diante de denúncias da Polícia Federal e de reforço do Ministério Público sobre fraudes nas licitações, de modo a direcionar vencedores do certame, a Justiça Federal decretou 11 prisões de servidores, advogados e políticos, bloqueou bens das empresas e travou os recursos federais. Depois, a própria Justiça arquivou as ações da Operação Pacenas porque as escutas telefônicas, principal instrumento de prova das fraudes, foram consideradas nulas.
As obras que nestes últimos dois anos não tinham sido executadas nem 10% empacaram de vez. Por causa de sua interrupção, moradores de alguns bairros que receberiam investimentos do PAC convivem hoje com ruas esburacadas e com valas que nem foram tampadas. A Prefeitura de Cuiabá prepara recurso para impedir que o Consórcio Cuiabano reassuma os projetos. Em 15 de dezembro, o juiz Márcio Guedes suspendeu o decreto do prefeito Wilson Santos (PSDB) nesse sentido e anulou as novas licitações do PAC. O Consórcio Cuiabano recorreu e obteve liminar para voltar a executá-las. A Procuradoria-Geral do Município vai recorrer da decisão. O que resultaria em investimentos inéditos em saneamento em Cuiabá e Várzea Grande se transformou em pesadelo para os gestores e em frustração e revolta aos moradores.
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