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Sábado - 17 de Outubro de 2009 às 15:23
Por: Onofre Ribeiro

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Na última sexta-feira me dei conta de que a dramática divisão de Mato Grosso deveria ter sido, pelo menos lembrada, no dia 11, domingo, data em que o presidente da República, o general Ernesto Geisel encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de Lei Complementar que dividiria o estado para criar Mato Grosso do Sul. Naquele instante criava-se o caos em Cuiabá, que naquele momento representava a essência do Estado. Havia quem temesse o esvaziamento completo do Norte de Mato Grosso.

São águas passadas, diria o leitor enfastiado de ouvir sobre esse tema passado. Mas julgo oportuno lembrar a data pelo que ela representou para o futuro daquele inexpressivo Mato Grosso de 32 anos passados. Os dados de 1970, do IBGE, apontavam uma população total nas regiões Norte e Sul, de 1 milhão e 200 mil habitantes. O Norte tinha apenas 598 mil, e a capital 100 mil habitantes.

Os atuais 141 municípios eram só 38. De Diamantino para cima na rodovia BR-163, não havia um único município sequer. Haviam alguns projetos de colonização, como Sinop, Colider e a Alta Floresta. Juína sequer existia, e Aripuanã já era município, mas a prefeitura não funcionava lá, porque não havia as mínimas condições de desenvolvimento. Imagina. A prefeitura funcionava em Cuiabá e um avião monomotor fazia as viagens quando indispensáveis.

Naquele momento o melhor desenvolvimento de Mato Grosso dava-se no vale do Araguaia, nas regiões de Barra do Garças, Nova Xavantina, Água Boa e Canarana. Ali, projetos de colonização agrícola iniciados sob a liderança do colonizador Norberto Schwants, um pastou luterano gaúcho que, ao mesmo tempo em que resolvia um problema social no Rio Grande do Sul, abria uma frente de ocupação humana e econômica. Aliás, foi uma epopéia extremamente rica e importante que nunca foi devidamente explorada e compreendida pelos historiadores e nem pelos governantes do estado. Confesso que tive o privilégio de conviver muito com Norberto. Era um homem extraordinário, com visão social e política muita avançadas. Morreu em 1988, como deputado federal suplente.

Mas tudo isso passou. O que ficou mesmo de bom, aliás, de muito bom, foi o tanto que Mato Grosso deslanchou depois da separação da região Sul, cujo raio de influência ficava em Campo Grande, arquirrival e inimiga de Cuiabá. Esse é outro belo assunto relacionado ao tema da divisão de Mato Grosso. Em 1979 Mato Grosso nascia como estado remanescente numa pobreza imensa. A única proteção eram os recursos federais para custeio e investimento previstos na Lei Complementar 31. Mas mesmo eles cessaram logo, por conta da crise do petróleo de 1983. Mato Grosso achou o seu caminho sozinho. Esse mérito se deve aos investimentos públicos feitos em infra-estrutura a partir de 1979 até por volta de 1986 nos governos Frederico Campos e Júlio Campos. Deve-se ao empreendedorismo dos mato-grossenses que viviam antes e dos que vieram depois. E, claro, às imensas potencialidades do estado.

Contudo, uma coisa é certa. A divisão, que poderia ter sufocado Mato Grosso, fez muito bem. Muito bem mesmo. Hoje, falar nesse assunto só vale mesmo por conta da História.

*Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso e secretário-adjunto de Comunicação do Estado





Fonte: Assessoria/Secom-MT

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