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Politica Brasil
Quarta - 19 de Agosto de 2009 às 16:59
Por: Gabriela Guerreiro/Márcio Falc

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O apoio do PT ao arquivamento de 11 denúncias e representações contra o senador José Sarney (PMDB-AP) no Conselho de Ética no Senado abriu um racha na bancada do partido na Casa. Petistas acusam o líder da legenda, senador Aloizio Mercadante (SP), de ter descumprido o acordo combinado com a cúpula do PT para a defesa pública de Sarney durante reunião do conselho. Nos bastidores, senadores do partido defendem o seu afastamento da liderança e acreditam que o petista pode deixar o cargo ainda hoje.

O senador Flavio Arns (PT-PR) anunciou que pretende deixar a legenda depois que o partido beneficiou Sarney. Arns disse que vai recorrer à Justiça Eleitoral para não ter o mandato cassado por trocar de legenda. "O PT rasgou a bandeira da ética. Agora, qual é a bandeira do PT?", afirmou.

Senadores do PT afirmaram que Mercadante fez um "jogo de cena" para a opinião pública: defendeu o afastamento de Sarney publicamente, mas, nos bastidores, se comprometeu em apoiar o arquivamento das acusações contra o peemedebista. Um senador petista disse que Mercadante recusou-se, por exemplo, a substituir os três integrantes do PT no Conselho de Ética por outros parlamentares da base aliada para evitar o seu desgaste público --já que os novos senadores votariam pró-Sarney.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS), um dos petistas que votou em favor de Sarney, disse que Mercadante tornou a bancada "desamparada" ao recusar-se publicamente a defender o afastamento do peemedebista.

"Um exército forte é feito de um líder forte. Nós nos sentimos desamparados hoje", afirmou. Delcídio disse, porém, que o afastamento de Mercadante da liderança é uma questão de "foro íntimo".

Delcídio criticou Mercadante ao afirmar que o líder havia se comprometido em ler, no plenário do conselho, carta do presidente da legenda, Ricardo Berzoini (SP), em defesa do arquivamento das denúncias contra Sarney. Ao invés de ler a carta, Mercadante falou no plenário do conselho que sua posição era favorável ao afastamento temporário de Sarney.

"Ele deveria ter lido a nota como foi combinado, mas na hora, não leu, pediu a palavra e nos deixou desamparados. Ele não fez o que foi combinado com a direção do partido", afirmou.

Dentro do plenário do conselho, Mercadante disse que a bancada do PT "sustentou posição de sugerir ao Sarney que se licenciasse da presidência para permitir que as coisas fossem apuradas para menor exposição da instituição e maior direito de defesa dele mesmo". O petista disse, ainda, que é favorável à abertura de pelo menos um processo contra Sarney. "As denúncias dos atos secretos, nós deveríamos nos debruçar e apurar. Na semana passada apareceram mais 460 novos atos. E dissemos que cada membro da bancada votaria com as suas convicções", afirmou Mercadante.

Os petistas ficaram irritados com a manifestação do líder dentro do plenário do conselho.

Arranhões

Delcídio disse acreditar, porém, que o partido não sairá arranhado após a decisão de apoiar o arquivamento de todos os processos contra Sarney. "Não acredito. O PT é maior que isto porque é uma instituição. Fiquei constrangido. Mas sou um homem de partido. Ser governo não é só ficar no bem bom, tem que mastigar o osso."

A oposição fez duras críticas à decisão do PT de enterrar as investigações sobre Sarney. O PT era considerado o "fiel da balança" no Conselho de Ética por ter defendido publicamente o afastamento temporário de Sarney no cargo. Se os três petistas votassem com a oposição, haveria apoio suficiente para a instauração de ao menos um processo contra Sarney.





Fonte: Folha Online

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