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Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Sexta - 31 de Julho de 2009 às 19:54

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O plantio de algodão na próxima temporada (2009/10) deverá cair no Brasil mesmo diante de uma esperada redução nos custos de produção após despesas recordes em 2008/09, com os produtores afetados por preços considerados baixos, câmbio desfavorável e negócios futuros para exportação mais lentos, disseram especialistas em um seminário nesta sexta-feira.

Além disso, uma perda de produtividade em 08/09 por excesso de chuvas na Bahia, segundo produtor nacional atrás de Mato Grosso, é outro fator de desânimo meses antes do início da semeadura no País, em novembro.

"Os mais pessimistas falam em (recuo para) 700 mil hectares (de área plantada em 09/10 para o Brasil). Mas temos expectativa que estará mais próximo de 780 mil hectares", declarou Antonio Carlos Zem, diretor-presidente para América Latina da FMC, líder na região em vendas de defensivos para a cultura de algodão.

Se confirmada a previsão de Zem, a redução de área para 09/10, na comparação com os 840 mil hectares plantados no país em 08/09, seria de 7%.

Zem justificou o fato de sua empresa estar mais otimista do que os produtores, que falam em redução maior de área, citando uma estimativa de redução no custo de produção de 32%, em função de menores gastos com defensivos e fertilizantes, que no ano passado atingiram máximas históricas.

O analista da Agroconsult Marcos Rubin concorda com o executivo da FMC sobre custos mais baixos para 09/10, mas lembrou que os níveis de rentabilidade em 08/09 ficaram ou muito próximos de empatar com os gastos ou até mesmo negativos, especialmente na Bahia, com as perdas de produtividade.

Rubin admitiu ainda que um menor volume de negócios fechados para exportação em 09/10 - o setor algodoeiro normalmente fecha muitas vendas antecipadamente - é um sinalizador de fraqueza para a próxima safra, embora o cenário internacional indique uma redução na oferta mundial.

Nas contas da Agroconsult, as vendas externas para a próxima safra cobririam cerca de 30% de 1 milhão de t de pluma. Nesta época do ano passado, para uma safra 08/09 de 1,2 milhão de t, o setor já havia vendido antecipadamente 50% da produção.

"Este ano está mais devagar, as tradings saíram do mercado, e o produtor está mais cauteloso", declarou Rubin, observando que isso é reflexo dos problemas da atual temporada.

As chuvas na época de colheita, especialmente nas lavouras do Nordeste, além de reduzirem a produtividade estão elevando mais os custos para o controle de doenças e pragas.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Aprapa), cerca de 30% da safra nacional 08/09 já foi colhida. Não fossem as chuvas na época de colheita, os trabalhos já teriam sido feitos em 40% da área.

A safra brasileira 08/09 terá uma redução de ao menos 24%, para 1,2 milhão de t, segundo o governo, ante um recorde de 1,6 milhão de t da pluma em 07/08, devido a uma redução de área plantada em proporção semelhante.

O presidente da Associação Baiana do Produtores de Algodão (Abapa), João Carlos Jacobsen, explicou que o excesso de chuva desde abril "apodreceu o baixeiro do algodão" e deve trazer perdas de produtividade em torno de 20%.

Abalado pelos resultados de 08/09, ele afirmou que o produtor baiano já sinaliza uma nova redução de área em 09/10, em torno de 10% na comparação com 08/09, se a situação do mercado prosseguir como está até o plantio.

Essa área deixada pelo algodão deve ser incorporada pelos produtores de soja.

Já o presidente da Abrapa, Haroldo Cunha, disse que o setor projeta uma redução de 5% a 10% na área plantada em 09/10, com um câmbio desfavorável para a formação dos preços em reais, queda essa que pode ser maior caso o governo não continue apoiando o cotonicultor em 08/09.

Em meados deste mês, o Ministério da Agricultura destinou, por meio de um leilão de prêmio para escoamento da produção, R$ 183,28 milhões para os produtores de dez Estados. Mas a última operação prevista para 08/09 foi suspensa, supostamente por problemas de orçamento, segundo a Abrapa.





Fonte: Reuters News

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