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Economia
Quinta - 04 de Setembro de 2008 às 13:32

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Um novo relatório da Unctad, o braço das Nações Unidas para o Desenvolvimento, prevê que os países emergentes crescerão neste ano quatro vezes mais do que os países ricos.

Segundo o Relatório de Comércio e Desenvolvimento (TDR, na sigla em inglês) divulgado nesta quinta-feira, os países em desenvolvimento devem crescer 6,4% em 2008 – um contraste com a taxa de 1,6% prevista para os países desenvolvidos, abalados pela crise financeira e o desaquecimento econômico global.

É o maior descompasso registrado entre o ritmo de crescimento dos dois grupos de países em 15 anos. Em 1998, ano da crise russa, os emergentes inclusive chegaram a crescer menos do que os ricos (1,1% contra 2,1%, respectivamente), segundo os dados históricos da Unctad.

Para o Brasil, a entidade avalia que o crescimento será de 4,8% neste ano, um pouco acima da projetada média latino-americana de 4,6% e muito atrás das estimativas para China (10%) e Índia (7,6%).

No entanto, se os países emergentes conseguiram escapar dos efeitos da crise internacional até aqui, o desempenho nos próximos meses permanece uma questão em aberto, de acordo com a entidade.

"O crescimento nos países em desenvolvimento e nos mercados emergentes foi bastante resistente na primeira metade de 2008, mas há evidências crescentes de que eles não poderão escapar de uma desaceleração global", diz a Unctad.

"A incerteza e a instabilidade internacional nos mercados financeiro, de câmbio e de commodities, junto com dúvidas em relação à direção da política monetária em alguns países desenvolvidos, estão contribuindo com um panorama sombrio para a economia mundial e podem representar riscos consideráveis para o mundo em desenvolvimento", acrescenta.

Recessão

Pelas previsões do relatório, a economia global como um todo deve crescer 3% em 2008 – um ponto percentual a menos do que em 2007 – "mesmo sob circunstâncias benignas" até o fim do ano, nas palavras da entidade.

O relatório afirma que, neste momento, a economia mundial "balança à beira da recessão". A Unctad diz que a responsabilidade em parte é do sistema financeiro global, que mescla "instrumentos pouco transparentes com uma grande influência de firmas que buscam extrair retornos de dois dígitos de uma economia real que cresce a um passo muito mais lento".

Um dos efeitos perversos desta lógica, aponta a Unctad, é o aumento do preço dos alimentos, já pressionado pelo aumento da demanda no consumo dos países em desenvolvimento conjugado com a incapacidade de se elevar a produção mundial para atender de imediato a esta demanda.

"Nessas condições, o efeito da especulação é amplificado", aponta o relatório. "É mais do que coincidência que o recente repique nos preços tenha começado pouco depois da turbulência financeira originada no mercado americano."

"Especuladores de olho em ganhos altos no curto prazo podem muito bem ter percebido oportunidades no mercado global de alimentos e reajustado suas carteiras para exibir uma maior proporção de contratos futuros de commodities."

Investimentos

Segundo os economistas da Unctad, os países em desenvolvimento serão fortemente afetados se o ciclo especulativo das commodities chegar ao fim.

"Assim como a especulação intensificou o movimento ascendente dos preços, também pode intensificar um movimento de queda dos preços", diz o documento.

Como prevenção, a entidade recomenda aos países em desenvolvimento adotar maior diversificação e desenvolvimento industrial - uma transição que requer maiores investimentos em novas capacidades produtivas e em infra-estrutura.

Na avaliação da Unctad, o melhor momento para realizar esses investimentos seria agora, com o impulso da abundância de recursos gerados com a alta dos preços de matérias-primas.





Fonte: da BBC

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