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Economia
Quarta - 11 de Junho de 2008 às 08:53

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As exportações de carne bovina do Brasil deverão fechar 2008 com uma queda de cerca de 20 por cento em volume, na comparação com 2007, para aproximadamente 2 milhões de toneladas (equivalente carcaça), devido às restrições impostas pela União Européia e também à alta de preços, que está freando o consumo mundial, avaliou nesta terça-feira a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).

Por outro lado, a mesma alta de preços deverá aumentar as divisas obtidas pelo país com as exportações neste ano em 10 por cento, para algo próximo a 5 bilhões de dólares, na comparação com o ano passado.

"Cresce em valor, mas não tem o mesmo efeito em volume... É o primeiro ano em que está havendo uma correção em tonelagem, com um efeito preço tão significativo", afirmou o novo presidente da Abiec, Roberto Giannetti da Fonseca, a jornalistas.

Pelo menos desde 2001, quando o Brasil exportou 901 mil toneladas, as exportações brasileiras têm crescido e registrado seguidos recordes, com o país se consolidando nos últimos anos como o maior exportador mundial.

A redução nas vendas para a União Européia, que limitou no começo do ano o número de fazendas que podem fornecer gado para os frigoríficos que exportam para a Europa, também está sendo sentida nas exportações brasileiras.

As exportações de carne in natura para os Países Baixos, Itália e Reino Unidos caíram nos primeiros cinco meses do ano, respectivamente, 54 por cento, 81 por cento e 68 por cento —pela ordem, esses são os principais clientes do Brasil integrantes da UE.

"Isso representa um efeito a curto prazo importante na redução do volume total da exportação brasileira", acrescentou Fonseca.

No acumulado de janeiro a maio, as exportações brasileiras tiveram um movimento semelhante à previsão da Abiec para o ano. Em volume, atingiram 920,6 mil toneladas, queda de 20,2 por cento em relação aos cinco primeiros meses de 2007. Em receita, os embarques somaram 2,06 bilhões de dólares, alta de 10,4 por cento na mesma comparação.

Foi a primeira vez que o Brasil exportou em cinco meses mais de 2 bilhões de dólares em carne bovina.

A alta nos preços é internacional, com custos maiores de produção em função dos grãos mais caros, matéria-prima importante em países com criação intensiva. O Brasil, que sofre menos esse efeito por ter produção extensiva (pasto), atravessa coincidentemente um ciclo de baixa na oferta de animais, após um logo período de abate de matrizes e preços baixos.

LIDERANÇA AINDA MANTIDA

Apesar da queda expressiva em volume, a Abiec avalia que isso seja uma situação mundial, com os preços limitando o consumo. Com base nisso, o presidente avalia que o país deve manter a sua posição de liderança nas exportações à frente da Austrália.

"Posso acreditar que, com o aumento significativo de preço que a carne teve nos últimos meses —a Abiec estima um aumento médio de 10 por cento no ano do produto exportado—, é impossível que qualquer produtor concorrente tenha aumentado em volume para tirar mercado do Brasil", disse ele, admitindo apenas algum "ajuste" pontual.

Prova de que o mercado mundial encolheu, segundo ele, são as importações da Rússia, maior importador da carne brasileira, que comprou 18 por cento a menos nos primeiros cinco meses do ano.

Outra indicação de que os preços estão tendo efeito no consumo pode ser aferida a partir das vendas de produtos industrializados do Brasil, que não sofrem veto da UE, mas que caíram 11,6 por cento nos primeiros cinco meses, para 205,4 mil toneladas.

Os executivos da Abiec não deram um prazo para que o Brasil volte a exportar os volumes normais para a UE. Disseram apenas que estão otimistas e que esperam contar com a adesão de mais criadores de gado ao sistema de rastreabilidade exigido pelos europeus.





Fonte: Redação Terra

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