Acidentes de trânsito nas rodovias geram gastos de R$ 22 bi ao ano
Os custos com acidentes rodoviários no Brasil chegam a R$ 22 bilhões por ano, segundo dados divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O montante considerado envolve gastos médicos, hospitalares, administrativos, judiciais e previdenciários, além da perda de renda e custos para remoção e recuperação de veículos.
Em uma série de palestras sobre o uso de airbag, em São Paulo, o diretor de Estudos Urbanos do instituto, Marcelo Piancastelli, afirmou que os custos incidem tanto sobre as vítimas quanto sobre o setor público, já que todas as vítimas têm o primeiro atendimento realizado pelo serviço de saúde pública. Ele também explicou que, desse montante, cerca de R$ 9,8 bilhões correspondem a custos médicos e hospitalares, pagos pelo Ministério da Saúde.
"Os acidentes de trânsito, hoje, são um grande desafio para o país, não só pelo número de acidentes, pelo número de vítimas fatais, como pelo custo que gera para o setor público. Isso se tornou um problema não só do ponto de vista humano e moral, mas um problema de finanças públicas dos mais sérios", afirmou.
Estados mais críticos
Segundo a Agência Brasil, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo são os estados mais críticos, que apresentam os gastos mais elevados por causa dos acidentes.
Em São Paulo, Piancastelli atribui os altos índices à maior concentração de tráfego e à existência da maior frota do país. Mas ele também destaca que, mesmo com o número elevado de acidentes, a taxa de mortes em São Paulo é menor do que a de outros estados, já que há melhores condições de assistência.
"Minas Gerais, por exemplo, é um estado de grande dimensão, com uma malha rodoviária extensa, tanto de rodovias estaduais e federais, nem sempre bem mantida, em uma região montanhosa, difícil, reconhecidamente um estado com condições de tráfego com alta tendência a uma maior incidência de acidentes de trânsito", afirmou o diretor.
Soluções
Para ele, o grande desafio é encontrar respostas para diminuir esses números. Entre as soluções, estariam a formulação de políticas públicas para melhorar a qualidade da informação sobre formas de prevenção, formas de reduzir os atropelamentos e a gravidade dos acidentes.
Piancastelli também afirma que é preciso reduzir os pontos críticos das rodovias e melhorar as condições das periferias das grandes cidades, por onde passam as rodovias. "Mas isso tudo demanda orçamento, demanda recursos, licitação, são projetos que nós só podemos prever a médio prazo. Melhorar a segurança dos veículos é uma medida que pode ser implementada, induzida e estimulada a curto prazo, porque sabemos que, em nossa frota de veículos, segurança é item opcional", completa.
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