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Internacional
Sábado - 08 de Dezembro de 2007 às 21:11

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BUENOS AIRES - Depois de dizer que o presidente Alvaro Uribe atrasa as negociações para a libertação dos reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o marido da ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt, seqüestrada pelos rebeldes desde fevereiro de 2002, disse que o mandatário "aposta na solução militar e isso deixará os reféns mortos".

"Não acredito em Uribe; ele busca ganhar tempo, distrair, é desumano; a zona de encontro que ele propõe é vaga, não são os municípios de Florida e Pradera como pedem as Farc", disse Juan Carlos Lecompte em uma entrevista ao jornal argentino El Clarín publicada neste sábado, 8. Na sexta-feira, o presidente colombiano anunciou ter aceitado a sugestão da Igreja Católica colombiana para criar uma área para que rebeldes e autoridades negociem um acordo humanitário.

Segundo o marido de Ingrid Betancourt, Uribe "aposta em uma solução militar", o que levará à "morte de Ingrid na selva" e com o presidente colombiano "com grande popularidade e apoio dos Estados Unidos".

"Culpará a guerrilha e o povo colombiano aceitará", continuou Lecompte.

A proposta de Uribe prevê a criação de uma "zona de encontro" de 150 quilômetros quadrados em uma área rural sem população civil, na qual não deverá haver postos da polícia e do Exército e com a presença de observadores internacionais. A idéia é tentar chegar um acordo em que os rebeldes aceitem soltar os reféns em troca da libertação de rebeldes das Farc presos.

Em Buenos Aires para acompanhar a pose da presidente Cristina Kirchner, o esposo de Ingrid encontrou-se com o presidente em exercício Néstor Kirchner e com sua esposa, a mandatária recém eleita.

"Cristina me disse que falou na quarta-feira (4) com ele e que o fará de novo na segunda, durante seu juramento (como presidente). É (uma iniciativa) bem-vinda, como a (possibilidade) de que Lula influencie. Mas a melhor opção era e é com Hugo Chávez, a quem as Farc admiram e em quem acreditam mais", advertiu Lecompte, em alusão à retirada do presidente venezuelano das negociações por Uribe.

Pressão internacional

Ainda para Lecompte, "somente a pressão internacional pode ajudar nesta hora limite, porque se depender de Uribe, os reféns morrem".

Coincidindo com a avaliação, o primeiro-ministro da França, Francois Fillon, pediu neste sábado que a guerrilha colombiana liberte Ingrid Betancourt num gesto humanitário para evitar a morte da ex-candidata, que tem cidadania francesa. Na última semana, imagens divulgadas da ex-candidata presidencial mostraram uma Ingrid deprimida e doente.

"Está claro que agora já é uma questão de vida ou morte. Ninguém pode carregar a responsabilidade de sua desaparição. , disse Fillon a jornalista em sua chegada a Argentina para assistir à posse de Cristina. O governo da França, presidida por Nicolas Sarkozy, trabalha arduamente para que um acordo seja alcançado para a libertação da ex-candidata e de outros reféns.

"É um apelo a um gesto humanitário inédito por parte das Farc. A França está disposta a continuar trabalhando por uma solução pacífica para a liberação de outros reféns", agregou.

Fillon - assim como o presidente Lula e o argentino Néstor Kirchner - se encontrará com Uribe na segunda-feira, durante a posse de Cristina.

Pessimismo

Na mesma linha de Lecompte, o ex-ministro e ex-candidato presidencial colombiano Álvaro Leyva, acredita que a proposta de Uribe não avançará. Para o especialista em negociações com as Farc, uma iniciativa nesta linha só avançaria se Uribe aceitasse a principal exigência dos guerrilheiros: a desmilitarização dos municípios de Florida e Pradera.

Para ele, as Farc não aceitarão a sugestão de Uribe. "É determinante. Isso não é um capricho. É que sem Florida e Pradera, não há absolutamente nada", explicou. As Farc têm seqüestrados 45 políticos, soldados, policiais e americanos que aspiram trocar por cerca de 500 guerrilheiros presos.




Fonte: EFE-Reuters

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