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Politica Brasil
Terça - 04 de Dezembro de 2007 às 20:41

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Exatamente dois meses e 22 dias após ser absolvido do primeiro processo de cassação, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) saiu mais uma vez vitorioso do plenário do Senado Federal. Com 29 votos pela cassação, 48 pela absolvição e três abstenções, ele foi, novamente, inocentado pelos colegas em votação secreta. Renan abriu mão de seu voto.

Os senadores julgaram improcedente a denúncia na qual Renan é acusado de quebrar o decoro por conta da suposta sociedade por meio de "laranjas" (terceiros) em duas emissoras de rádio e em um jornal no Estado de Alagoas.

No primeiro processo, em que Renan era acusado de pagar despesas pessoais com recursos do lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Junior, o senador foi absolvido com o apoio de 40 senadores e de outros seis que se abstiveram, favorecendo Renan. Naquela ocasião, 35 senadores votaram pela cassação.

Para que um senador fique sem mandato é necessário o apoio de 41 de 81 senadores da Casa. Como a votação é secreta, o presidente interino, Tião Viana (PT-AC), também participou da votação.

A diferença, neste caso, foi que a sessão foi televisionada e aberta ao público. A votação prosseguiu secreta, apesar de tramitarem na Câmara e no Senado, desde 2001, propostas que terminam com esta modalidade de voto em processos de cassação.

A decisão, no entanto, não afasta a possibilidade de que Renan Calheiros tenha, mais uma vez, que enfrentar o plenário. Ele ainda responde por três outros processos de cassação.

O relator do processo julgado nesta terça, Jefferson Péres (PDT-AM), admite, no entanto, que o placar desta terça é defintivo. "A decisão está tomada em relação a todos os processos. Ele será absolvido dos outros também", disse Péres.

'Pior dos cenários'

O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (PSB-ES) disse, por volta das 15h desta terça-feira (4), que uma nova absolvição do senador Renan Calheiros seria o "pior dos cenários", uma vez que representaria a repetição do erro ocorrido em setembro deste ano.

Naquele mês, o então presidente do Senado conseguiu evitar a perda de seu mandato por 40 votos pela absolvição, 35 pela cassação e 6 abstenções.

"O pior dos cenários é a repetição do erro que já foi cometido na primeira vez [em setembro]. É uma pedrada na cabeça do Senado", disse ele. Casagrande avaliou, porém, que a situação é muito mais "amena" nesta terça-feira (4) do que foi há dois meses atrás.

"Esse debate permanente sobre o mesmo assunto [cassação de Renan] acabou cansando e colocando o debate em um plano inferior, mais ameno", avaliou o líder do PSB.

'Estou vendo'

O então presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou por volta das 15h30 à Casa. Ele limitou-se a dizer aos jornalistas que provaria sua inocência. "A minha expectativa é a de sempre: eu trago a verdade e tenho a absoluta convicção de que serei inocentado, absolvido pelo Senado Federal."

Usando o elevador privativo dos parlamentares, Renan dirigiu-se diretamente ao plenário. Já no plenário, perguntado se renunciaria ou não à presidência da Casa, ele disse: "Estou vendo para decidir o que vou fazer", disse.

Menos de 30 minutos depois, no entanto, durante um discurso, Renan renunciou à presidência da Casa. A renúncia aconteceu após seis meses de denúncias e de duas licenças em decorrência dos processos de cassação a que responde no Conselho de Ética do Senado.

Renan renunciou durante um discurso em plenário antes da votação da representação número três, impetrada pelo PSDB e Democratas, por conta da suposta sociedade de Renan, através de "laranjas" (terceiros), com o usineiro João Lyra em duas emissoras de rádio e em um jornal no estado de Alagoas. Renan nega as acusações.

A renúncia fez parte da estratégia do peemedebista para ser absolvido em plenário, na votação secreta desta terça-feira.

Acusações

No primeiro, o ex-presidente da Casa é acusado de participar de um suposto esquema de arrecadação ilegal de dinheiro em ministérios comandados pelo PMDB. O relator da representação, impetrada pelo PSOL, é o senador Almeida Lima (PMDB-SE).

Em outro caso, ainda sem relator, Renan é alvo da acusação de espionar colegas de Senado, favoráveis a sua cassação. Estariam sendo espionados, conforme a denúncia apresentada pelo PSDB e pelo Democratas, os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO).

O último, inclusive, renovou a denúncia em reportagem da revista "Veja" desse final de semana, mas adicionou que, entre os "arapongas", estariam servidores da polícia do Senado. Além de Renan, a Polícia Legislativa nega as acusações.

Em mais uma representação, travada pela Mesa Diretora e ainda longe de uma investigação, o peemedebista é acusado de liberar emendas para a construção de casas em Murici (AL), cidade natal de Renan, cuja construtora seria fantasma.

Sucessão

O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), anunciou, na tarde desta terça-feira (4), que reunirá os líderes partidários na próxima terça-feira (11) para tratar da sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ao posto nesta tarde.

Na reunião, parlamentares decidirão a data da eleição do novo presidente da Casa, que deve ser do próprio PMDB. O anúncio foi feito logo após a leitura da carta de renúncia por Renan Calheiros. "Este é um assunto para o partido. Nós vamos nos reunir para tratar do novo presidente", explicou o senador Edison Lobão (PMDB-MA).

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) disse nesta terça-feira (4) que passará a pedir votos até a hora da eleição do novo presidente da Casa, que assume o posto deixado pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL). "Veja, vou pedir votos. Candidato, até a hora da eleição, deve pedir votos", disse.

Alves admitiu ao G1 que passará a agir com maior cautela a partir da renúncia de Renan, com o processo sucessório deflagrado. "Agora, estou mais aperreado que o Renan", garantiu.

Alves é o único peemedebista que já se lançou candidato à sucessão do alagoano. O líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), alertou que pelo menos outros dois senadores devem disputar a vaga: Valter Pereira (MS) e Neuto do Couto (SC).




Fonte: G1

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