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Nacional
Terça - 27 de Novembro de 2007 às 19:13

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RIO DE JANEIRO - O bispo de Barra, na Bahia, Luiz Flávio Cappio, iniciou na terça-feira uma nova greve de fome em protesto contra as obras de transposição do rio São Francisco, acusando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "enganar" a população ao descumprir a promessa de discutir publicamente o projeto.

Cappio havia realizado uma greve de fome de 11 dias em 2005 pelo mesmo motivo.

Enquanto o governo afirma que a transposição ajudará milhões de pessoas no Nordeste, o bispo e outros críticos afirmam que a obra beneficiará economicamente apenas alguns poucos grandes produtores rurais.

Com seu protesto anterior, Cappio conseguiu que o governo adiasse o início do projeto, estimado em mais de 2 bilhões de dólares, para que a iniciativa fosse debatida.

Mas o governo neste ano incluiu a transposição do São Francisco no seu Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e enviou o Exército para iniciar a obra, sem responder a uma carta enviada por Cappio em fevereiro a Lula.

"Para que eu interrompa o jejum é mediante essas duas exigências: primeiro, o arquivamento do projeto, e segundo, a retirada do Exército", disse o bispo por telefone à Reuters.

Cappio, no passado companheiro de lutas do PT, enviou na terça-feira uma nova carta em termos duros ao presidente.

"Até agora não obtivemos resposta", disse o prelado. "Minha vida inteira foi na luta do PT. A vida inteira vesti a camisa do presidente, só que infelizmente, desde que ele chegou lá (ao poder), se esqueceu dos que estão do lado de cá", completou.

Ele afirmou que não poderia aceitar que o rio, responsável pela subsistência de milhões de pessoas, fosse desviado "para transformar a água em benefício de alguns, em detrimento da vida de muitos".

Em sua nova carta, Cappio lembra as promessas do governo de debater o projeto, o que segundo ele não ocorreu. "O sr. não cumpriu sua palavra. O sr. não honrou nosso compromisso. Enganou a mim e à sociedade brasileira", escreveu. "Portanto, retomo meu jejum e oração. E só será suspenso com a retirada do Exército das obras e o arquivamento definitivo."

O bispo, como outros críticos do projeto, afirma que há outras propostas para levar água ao resto do Nordeste.

Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Igreja Católica, disse que o bispo "está querendo fazer uma reflexão mais profunda para que a sociedade brasileira possa pensar na sua relação com os bens naturais".




Fonte: Reuters

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