Depois de detido, suspeito de atirar em jornalista em GO foi liberado

Um adolescente foi detido na noite desta quarta-feira (19) e encaminhado ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Cidade Ocidental, a 45km de Brasília. A suspeita era de que ele tivesse baleado, horas antes, o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, do jornal "Correio Braziliense". O repórter foi operado e está fora de perigo.

O jovem acabou sendo solto. A polícia segue com as investigações para identificar o autor do crime. Amaury Ribeiro Júnior fazia uma série de reportagens sobre a violência no Entorno do Distrito Federal, mostrando que vários assassinatos de jovens na região estavam ligados ao tráfico de drogas.

Tiros

Após três semanas de trabalho em uma série de reportagens sobre a violência no Entorno do Distrito Federal, o repórter preparava-se, na quarta-feira (19), para mais um dia de trabalho, quando foi baleado.

O jornalista e um motorista do "Correio Braziliense" lanchavam em um bar na Cidade Ocidental (GO) quando um homem com um revólver calibre 38 aproximou-se e disparou três tiros. Amaury é o autor de uma série de reportagens sobre a violência e o tráfico de drogas no Entorno do Distrito Federal.

Um dos tiros atingiu Amaury Ribeiro Júnior, que foi levado para o Hospital da Cidade Ocidental e depois transferido para o Hospital Regional do Gama, a 40 km de Brasília.

"O cara chegou em cima para atirar, o Amaury se atracou com ele e caiu no chão. Quando o Amaury caiu, o rapaz atirou nele e eu parti pra cima do rapaz, que também me deu um tiro. Graças a Deus, não aconteceu nada comigo. Ele estava com um boné e com um casaco com capuz, escondendo bem o rosto", contou o motorista do "Correio Braziliense" Fernando Oliveira.

Série de reportagens

Durante a apuração de uma série de reportagens publicadas no "Correio Braziliense", Amaury Ribeiro Júnior descobriu que vários assassinatos de jovens no Entorno do DF estavam ligados ao tráfico de drogas.

"Foi um revide às matérias. Quanto a isso não há a menor dúvida. Nós vamos perguntar a ele se houve alguma ameaça e vamos saber", disse o diretor-presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa.

Premonição

Na terça-feira passada (18), o repórter tinha falado sobre as reportagens no Entorno com duas estudantes de jornalismo e, na redação do jornal, havia confessado temer pela própria segurança.

"O maior perigo que existe nessa área é a do narcotráfico. É você mexer com aquele cara pequeno, ralé, que te mata sem saber por que está te matando. Isso explica o motivo do assassinato do Tim Lopes. É uma área que você vive com o submundo. Fora uma guerra, é uma área muito perigosa. Qualquer erro que você cometer - um pequeno erro - pode ser fatal”, comentou Amaury ao gravar com as estudantes.

Manifestação da ANJ

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) lamentou e condenou, em nota, o atentado contra o repórter.

A associação exige das autoridades a imediata apuração do crime, a identificação do culpado e o encaminhamento do caso à Justiça.