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Cidades/Geral
Quarta - 13 de Junho de 2007 às 07:48
Por: Eliene Lima

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Os resultados do Índice de Desenvolvimento Social (IDS) divulgados na semana passada, pelo BNDES, mostram que Mato Grosso melhorou a oferta de serviços de saúde e educação, e ainda aumentou a renda, conseguindo se aproximar dos índices das regiões Sul e Sudeste do país, considerados os melhores. Esse mesmo estudo revela que o IDS do Estado saltou de 0,44, em 1995, para 0,61, em 2005. Ou seja, subiu 0,17. No Sudeste, por exemplo, a evolução foi de 0,64 para 0,74, no mesmo período. Apesar dos avanços durante esses 10 anos, Mato Grosso ainda é um dos estados brasileiros onde a desigualdade social é muito grande. A distribuição de renda entre os municípios é gritante.

Em Santo Antônio do Leste, por exemplo, um dos maiores produtores de milho e soja, a renda média de cada morador é de R$ 2,5 mil por mês, um rendimento anual de R$ 40 mil. Este Estado que leva o título de maior produtor de soja e algodão do país é o mesmo que abriga municípios como Nossa Senhora do Livramento, onde a maioria dos moradores sobrevive com menos de um salário mínimo por mês, o que equivale a R$ 2,7 mil por ano. A cidade leva o triste título de ter a segunda pior renda de Mato Grosso, perdendo apenas para Porto Estrela.

O progresso que veio para o Estado não ocorreu de maneira uniforme. Enquanto algumas regiões como a Sul, Sudoeste e parte do Norte tiveram grandes avanços, a região do Vale do Araguaia, que ganhou o apelido de "Vale dos Esquecidos" e o extremo Norte ficaram estagnadas. Não há fábricas, grandes plantações e muito pouco ou quase nada para ser exportado. Com renda irrisória quem sai perdendo é a população, que vive em cidades com infra-estrutura precária, sem escolas de qualidade, hospitais, rede de esgoto, asfalto, água tratada e energia elétrica.

Mato Grosso, porém, não é um fato isolado. O Estado é reflexo do que ocorre no Brasil, considerado um dos países que tem a maior desigualdade social do mundo, apesar de toda a sua riqueza. Morremos de fome em meio a mesa farta.

Mas essa desigualdade social pode ser modificada. Uma boa forma seria aumentar o repasse dos tributos aos municípios. Afinal, são eles que arcam com os problemas locais sem, no entanto, ter capacidade em sua maioria de gerar receita. A educação é outra vertente a ser explorada. Em abril deste ano, a Fundação Getúlio Vargas divulgou uma pesquisa sobre a Eficiência na Educação que serve de alerta para todos nós. Pelos dados apontados nessa pesquisa, um em cada cinco alunos na faixa etária dos 15 aos 17 anos está fora da sala de aula. E o mais grave: o principal motivo é a falta de motivação desses estudantes. Como professor há mais de 25 anos, acredito que esse desinteresse é resultado da precariedade de boa parte das escolas, da falta de vagas e transporte.

Portanto, o Brasil possui dados suficientes para mudar o atual quadro, não só na educação e na esfera municipal. Pesquisas temos até demais, mas iniciativas para sanar tantas dificuldades são mais raras. Por isso, mãos à obra! Desenvolvimento é possível!

* Eliene Lima é engenheiro civil, professor e atualmente exerce mandato de deputado federal por Mato Grosso.





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