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Internacional
Sábado - 20 de Janeiro de 2007 às 19:42

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Em entrevista à AE, o governador oposicionista de La Paz, José Luis Paredes acusa o Foi com um discurso contra as "ordens" dos embaixadores dos Estados Unidos na Bolívia que Evo Morales chegou ao palácio Quemado com 53,74% dos votos na eleição de 2005. Um ano depois de assumir o poder, ele é acusado por adversários de receber ordens de um governo estrangeiro, mas precisamente do amigo venezuelano Hugo Chávez.

Em entrevista à AE, o governador oposicionista de La Paz, José Luis Paredes, o Pepelucho, acusa o presidente da Venezuela de estar por trás do movimento que quer tirá-lo do cargo. A greve geral marcada para segunda-feira contra o governador seria financiada com dinheiro externo. "É Chávez quem toma as grandes decisões", diz Paredes.

Como o senhor avalia o primeiro ano do governo Evo?

Há uma linha do governo de tratar de desconhecer a democracia e tudo que não está de acordo com o partido do governo (Movimento Ao Socialismo - MAS). É totalitarismo querer nomear ministros da Corte Suprema por decreto e, agora, querer tirar todos os governadores que não são do MAS. Eu fui eleito de maneira independente do presidente. Ele não reconhece a minha legitimidade. O presidente Evo Morales desrespeita a democracia, trata de levar o governo para as ruas e incentiva as ações de movimentos que se chamam de sociais, que trabalham com o poder central. A forma de atuar do governo é muito perigosa.

O presidente corre risco de perder o controle dos movimentos sociais?

Sim. Ele perdeu em Cochabamba, onde manifestantes anunciaram um governo paralelo. Os cocaleiros recuaram a pedido do presidente, mas os demais grupos não se retiraram e tomaram o palácio. Mas aqui em La Paz a militância não é tão absoluta como em Cochabamba. O que espera da greve prevista para esta segunda-feira?

Essa manifestação foi convocada por organizações que trabalham com o governo central. Ele (Evo) tem suas organizações e eu tenho minha gente. Estou utilizando toda minha estrutura em El Alto para evitar essa greve, e creio que vou evitá-la. Evo Morales está utilizando toda a sua estrutura para conseguir êxito. O presidente faz toda a pressão para eu renunciar, mas isso não vai ocorrer. Creio que teremos um enfrentamento bastante duro, pois se tem um lugar que Evo teve grande votação foi em El Alto, e eu também.

Que estrutura é essa?

Tenho uma estrutura política que está trabalhando para evitar essas ações, com representantes de trabalhadores, campesinos, empresários, uma boa organização que não é de guerra nem de enfrentamento, mas que trabalha para encontrar soluções para toda a gente. Somos um movimento de esquerda nacional. Nós buscamos o progresso e o desenvolvimento, não somos uma esquerda radical e louca como a do presidente Evo. Tem gente do governo que acha que ser de esquerda é apenas falar mal de Bush, atacar os gringos. Ser esquerda é buscar caminhos e alternativas para melhorar as condições de vida dos mais pobres.

Os líderes da greve afirmam que o senhor é favor da divisão da Bolívia. É verdade?

A Fejuve (federação de associações de moradores de El Alto), que apóia o governo central, teme minha boa relação com os governadores de outras regiões, gente eleita democraticamente. O governo e os movimentos só fazem discurso de confrontação, sem motivos. A posição é sempre contra os Estados Unidos, a Colômbia e o Brasil. Para quê? É uma linha de não ser tolerante, de também não incentivar o respeito democrático e as diferenças. O governo, sim, que quer dividir o país. Todos aqui somos uma mistura de índios e espanhóis. (Evo) tem de mudar o discurso e a ação. Aliás, outro dia estava pensando em pedir audiência a Chávez, pois é ele quem toma decisão, e não Evo.

O senhor sugere que o presidente Chávez interfere no país?

É Chávez quem toma as grandes decisões e faz as grandes loucuras. O objetivo de Chávez é nos confrontar e interferir nos negócios (da Bolívia) com outros países, como o Brasil e os Estados Unidos. Ele empurra Evo a abrir mão dos Estados Unidos e ao mesmo tempo faz negócios com os Estados Unidos. Há um financiamento muito forte de manifestações aqui. Suspeito que venha da Venezuela. O governo central não tem recursos suficientes. Nessa marcha que aconteceu pela manhã (de sexta-feira) eles gastaram US$ 30 mil, US$ 40 mil. Quem financiou tudo isso? É impossível pensar que os camponeses fizeram uma cota para realizar a manifestação.





Fonte: Estadão

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