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Carros & Motos
Quarta - 20 de Março de 2013 às 09:21
Por: Rafael Miotto

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Reprodução
Com atributos que podem deixar muitos donos de carros com inveja, a K 1600 GTL é a moto topo de linha da BMW e também a mais cara: no Brasil, a motocicleta é vendida por R$ 108.500. Com esta quantia é possível comprar o BMW 118i, carro de 170 cavalos de potência, segundo a tabela divulgada pela marca no mês passado. Mas a moto não fica atrás, com seus 160,5, cv. Entre os destaques do pacote estão rádio, controle de tração, freios ABS, suspensão eletrônica ajustável por comando no manete esquerdo, farol de adaptação automática, além do “motorzão” de 6 cilindros de 1.649 cilindradas.

G1 avaliou a versão 2013 do modelo, que já está à venda no país. Em roteiro de 300 km, que incluiu 60 km na cidade de São Paulo e estradas nos arredores da capital paulista, a K 1600 GTL confirmou ser um modelo estradeiro. Ela se encaixa no segmento das motos touring, ou seja, destinado ao turismo. Mesmo porque, com 1 metro de largura e 348 kg, a moto não é muito indicada para a cidade.

BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)

Dentro da linha K 1600 ainda existe a opção GT, um pouco mais “básica” que a GTL, sem som de série nem a maleta traseira, apesar de manter as duas laterais. A ergonomia da GT é um pouco mais esportiva, enquanto a GTL preza mais pelo conforto, e ela custa R$ 99.500. O para-brisa da GTL também é maior, para ressaltar suas características turísticas, e pedaleiras e assentos são mais largos.

A sincronização via Bluetooth também só está presenta na top de linha. Para o Brasil, a empresa traz somente a versão completa da GTL, enquanto na Europa existem versões com menos acessórios – somente o GPS, que, possui espaço específico para sua instalação, acima do painel, está fora do pacote.

Apesar do alto preço, o nicho das GT, ou Grã-Turismo, ganhou novidades recentes no país. Entre as concorrentes da “família K 1600”, está a tradicional Honda GL 1800 Gold Wing, que foi atualizada pela Honda em 2012. Com estilo mais clássico e pacote menos tecnológico, a Harley-Davidson possui a Electra Glide Ultra Limited. Para completar, a Kawasaki tem a Concours 14, que pende para um desempenho mais esportivo, já que tem como base a Ninja ZX-14R.

A Honda ainda tem a VFR 1200F, que apesar de ser caraterísticas ainda mais esportivas que a Concours, também tem caráter touring - fora do país a Honda ainda conta com a Pan European. Além desses modelos, no exterior, a Triumph lançou no ano passado a Trophy e a Yamaha atualizou a FJR 1300 – ambas ainda indisponíveis no país.

BMW K 1600 GTL concorrentes (Foto: G1)

348 kg em movimento
Ao ver a ficha técnica da K 1600 GTL a impressão é de que, para ser um carro, a motocicleta só precisaria de mais duas rodas. Os 348 kg em ordem de marcha – com fluídos e combustível -  da K, somados ao seu grande porte, podem assustar de início. Mas basta girar o acelerador, que é eletrônico, para o conjunto entrar em movimento com facilidade. Apesar de ser uma “peso-pesado”, sua massa está bem distribuída.

O controle é fácil e o motor de seis cilindros já garante força necessária em baixos giros, deixando os movimentos em velocidade reduzida na cidade se desenrolarem sem grandes dificuldades. Não há problemas para alcançar o solo com os pés, mas o excesso de confiança pode ser prejudicial, pois se o equilíbrio for perdido, não será tarefa fácil segurar o modelo

BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)Controle de tração ajuda a evitar acidentes
(Foto: Raul Zito/G1)

Em deslocamentos urbanos, a K 1600 GTL não foge do comportamento de suas rivais. A moto perde agilidade à medida que o trânsito aumenta e seu tamanho não é adequado para se deslocar entre outros veículos. Devido à velocidade baixa na cidade e a grande bolha e carenagens protetoras, a moto esquenta bastante no tráfego pesado, já que o ar é barrado por toda sua proteção aerodinâmica. Retirando as maletas laterais, o raio de ação melhora.

Para o asfalto, nem sempre em bom estado das cidades, o aconselhável é o uso da opção “Confort” do sistema de suspensão eletrônica da moto. Por meio de um comando no punho esquerdo, é possível selecionar, mesmo em movimento, uma das três opções oferecidas pela 2ª geração do ESA (Electronic Suspension Adjustment II) – as outras são Normal e Sport. Feito isso, os amortecedores apresentam maior maciez.

Curtindo o som
Passando para a estrada, a K 1600 GTL mostra as reais aptidões de seu projeto. O propulsor vai ganhando cada vez mais fôlego, com o crescimento das rotações e atinge seu auge de funcionamento logo acima de 5.000 rpm. Com injeção eletrônica e refrigeração líquida, este “hexacilíndrico” é bem compacto, com apenas 102,6 kg e largura de 555 mm.

BMW K 1600 GTL (Foto: Divulgação)Farol da K 1600 GTL é poderoso (Foto: Divulgação)

De acordo com a empresa, é o motor produzido em série mais compacto já feito, dentre as motos de mais de 1.000 cm³. Sua velocidade máxima supera os 200 km/h, segundo dados da BMW, o que é mais do que suficiente para manter o limite de 120 km/h da maioria das estradas brasileiras.

Basta ajustar o piloto automático na velocidade adequada e ligar o som, por meio de comando na lateral esquerda da moto para curtir bastante a estrada. Sua bolha com regulagem elétrica no punho esquerdo garante grande proteção e, mesmo na chuva, o motociclista não sofre com as intempéries do clima. Passando dos 100 km/h o som continua audível e, além de sintonizar rádios, o dispositivo possibilita a conexão de MP3.

Caso o clima esteja frio, a moto traz aquecedores de manoplas e de assentos, tanto para o banco do piloto, como para o do passageiro. Por sinal, o garupa é muito bem tradado na K 1600 GTL, que pode acomodar as costas em apoio especial no top case – mala traseira da moto. Com toda esta mordomia, é possível se sentir sentado no sofá de casa, devido ao grande conforto que a moto proporciona.

A posição de guiar está bem ajustada, com pernas e braços dispostos de maneira confortável. Mesmo após horas em cima da moto, o cansaço não aparece, ainda mais com a distração oferecida pelo conjunto.

Vale a ressalva de que tantos apetrechos podem tirar a atenção do motociclista, assim, é necessário cuidado extra para mexer no computador de bordo. Todos comandos podem ser feitos com a moto em movimento. Uma roldana na manopla esquerda permite navegar pelo sistema e selecionar a estação preferida.

BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)

Controle de tração e
suspensão eletrônica

Para alterar os modos do controle de tração é necessário cessar o acelerador. Este dispositivo evita que a roda traseira derrape caso exista perda de aderência ao solo nas acelerações, cortando a injeção de combustível. Além de alterar o nível intrusivo do sistema, o controle de tração muda a entrega de potência para tornar a viagem mais segura. O opção Rain é indicada para a chuva e em outras condições de pista escorregadia - caso tenha óleo ou areia no asfalto, por exemplo.

Além de ser o modo no qual a tração é cortada mais cedo, a entrega de torque e potência são mais graduais na opção Rain. O Road é o modo intermediário de atuação do sistema, enquanto no Dynamic a moto utiliza toda a sua força e o controle só é acionado no limite. Durante a avaliação da motocicleta, foi possível rodar com a moto em piso molhado e sujo. A atuação do sistema é feita de maneira suave, sem perder rendimento exagerado nas acelerações. Somado aos freios ABS, a K 1600 GTL tem pacote interessante voltado à segurança.

BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)

Além de estarem bem dimensionados para o modelo, os freios não travam em situação alguma, evitando perder o controle. Desse modo, este conjunto faz uma moto de 160,5 cavalos de potência, que pode ultrapassar os 450 kg, com piloto e passageiro, usável e mais segura. No entanto, a própria marca informa que “é impossível alterar as leis da física” e a moto não é á prova de acidentes.

Outro advento eletrônico que faz a diferença, mas desta vez para o conforto, é a suspensão eletrônica. Além de alterar a rigidez entre as opções Confort, Normal e Sport, é possível selecionar opções para quando se leva bagagem e garupa. Com o modo Sport acionado, a K 1600 GTL fica muito mais estável e melhor para fazer curvas – com o piso em bom estado.

Um sonho para poucos
Finalizando o pacote de tecnologia, a K possui um exclusivo farol de xênon, com adaptação automática em curvas. Antes reservado apenas aos carros, o sistema fez sua estreia nas motos com a K 1600. Além de amplo raio de iluminação, o ajustamento direcional faz toda a diferença, sobretudo em deslocamentos por estradinhas e serras durante a noite. A lanterna tem luzes de LED e a GTL ainda traz luzes adicionais de LED para a dianteira.  

A lista de implementos segue com a checagem da pressão dos pneus em tempo real no painel e a possibilidade de instalar um GPS acima do painel, onde foi projetada uma parte específica para isto. Ainda há infindável quantidade de informações no visor, como o consumo médio, que ficou em 11,8 km/l no período da avaliação.


No entanto, dentre todas estas atrações tecnológicas o grande destaque a moto é a performance dinâmica do conjunto motor, chassi e câmbio. Embora conte com itens antes vistos só em automóveis, a K 1600 GTL tem desempenho de sobra para quem busca turismo com esportividade. Mesmo com o tamanho, tem trocas de direção rápidas e o prazer ao guiar é alto. O sistema de som também é uma ótima pedida para viagens, roubando a cena, e as três malas trazem muita praticidada, sendo de fácil remoção.

Apenas como exemplo, com o dinheiro gasto em uma K 1600 GTL, é possível comprar 26 unidades da Honda Pop, modelo mais barato da marca japonesa no Brasil, de R$ 4.190. A mesma quantia é equivalente a 3,5 motos G 650 GS, produto de entrada da fabricante alemã no mercado brasileiro. Mesmo com um conjunto superatrativo, a K 1600 tem muitos dotes e cobra caro por isso. Ainda é um sonho para poucos.

BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)BMW K 1600 GTL (Foto: Raul Zito/G1)





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