Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 24 de Outubro de 2006 às 09:05

    Imprimir


O Governo de Pequim ressaltou hoje que Pyongyang não tem intenções de fazer um segundo teste nuclear, exceto se houver "razões externas", no mesmo dia em que Seul anunciou que fará manobras de desembarque de marines, o que foi considerado uma provocação pelo regime norte-coreano.

Na primeira reação oficial de Pequim após uma semana de especulações da imprensa sul-coreana e japonesa, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Liu Jianchao, negou que o presidente norte-coreano, Kim Jong-il, tivesse se desculpado à China pelo teste realizado no último dia 9.

"Essas informações são inexatas. Não ouvi nada sobre Kim Jong-il se desculpar", disse Liu.

Os inúmeros rumores surgiram após a reunião entre o enviado especial chinês, Tang Jiaxuan, e o presidente norte-coreano, Kim Jong-il, na quinta-feira passada em Pyongyang.

Em Pequim, durante seu encontro com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, Tang disse que sua reunião com o líder norte-coreano no dia anterior "não tinha sido em vão".

"O presidente Kim Jong-il disse que a Coréia do Norte não tem intenção de fazer um segundo teste nuclear, mas observou que, se houver pressão externa, terá o direito de adotar novas medidas", disse Liu, sem explicar quais seriam os "motivos externos", em uma mensagem aparentemente dirigida a Japão, EUA e Coréia do Sul.

O Exército da Coréia do Sul anunciou hoje que realizará a partir de sexta-feira amplas manobras de desembarque de fuzileiros navais, o que o Governo da Coréia do Norte considerou um "ato de provocação" que terá "conseqüências catastróficas".

Em mensagem transmitida hoje pela "Agência Central de Notícias da Coréia do Norte" ("KCNA", oficial), o Governo de Pyongyang chamou as manobras de "provocativos jogos de guerra".

Com os exercícios militares, acrescenta a "KCNA", "os EUA e seus seguidores procuram exercer pressão militar a fim de derrubar a República Democrática Popular da Coréia".

Os EUA são considerados inimigos pelo regime de Kim Jong-il desde a época da Guerra da Coréia (1950-1953), cujas conseqüências, entre outras coisas, foi a presença de marines em território sul-coreano.

Se o Exército sul-coreano cumprir o anúncio, os testes serão realizados no mesmo dia em que o ministro de Relações Exteriores sul-coreano e novo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chegará a Pequim.

Ban ficará em Pequim até o dia 28, onde se reunirá com o presidente Hu Jintao, o conselheiro de Estado e emissário chinês, Tang Jiaxuan, e com o ministro de Exteriores, Li Zhaoxing.

A crise desatada pelo teste nuclear norte-coreano será um dos temas centrais na agenda.

A China vem pedindo moderação aos envolvidos e que a resolução da ONU não seja aplicada como uma desculpa para adotar sanções de forma unilateral.

"Retomar o diálogo não é um caminho fácil, é preciso que haja esforços árduos. Mas não importa o quão árdua seja a tarefa, sempre que houver esperança, devemos continuar as consultas e levar em conta os comentários positivos", disse o porta-voz chinês.

Entre os sinais positivos, estaria o fato de os seis países envolvidos nas conversas nucleares (as duas Coréias, China, EUA, Japão e Rússia), estagnadas desde novembro do ano passado, concordarem que é preciso retomá-las.

O principal empecilho, segundo o negociador chinês, seria a falta de um acordo sobre como retomar as conversas. Mesmo assim, ele disse acreditar num consenso.

Enquanto os EUA pedem uma volta ao diálogo sem condições prévias, a Coréia do Norte insiste em que Washington suspensa as sanções financeiras impostas em setembro de 2005 e que motivaram o boicote de Pyongyang às conversas.

Liu afirmou que a situação na fronteira com a Coréia do Norte é normal e disse não ter nenhuma informação sobre a retenção de uma embarcação norte-coreana em Hong Kong por motivos de segurança.

Também negou que a China esteja considerando reduzir sua ajuda energética e alimentícia a Pyongyang.

O emissário chinês insistiu em que seu Governo aplicará a resolução da ONU "honestamente" e disse que as "sanções não são o fim", mas deveriam ser voltadas para alcançar "a paz e estabilidade na península coreana".





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/266227/visualizar/