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Politica Brasil
Terça - 17 de Outubro de 2006 às 15:27
Por: Kleber Lima

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A opção do governador reeleito Blairo Maggi pela candidatura à reeleição do presidente Lula não causa surpresa. Afinal, Blairo apoiou Lula no segundo turno de 2002 e votou nele no primeiro turno em 2004. E todos sabiam disso, desde o agronegócio, o PPS, o PFL e os eleitores de uma maneira geral. E se não sabiam, foi por falta de atenção, e isso já não é problema do governador nem do presidente, porque esses fatos foram amplamente noticiados pela imprensa.

O apoio de Blairo Maggi a Lula, inclusive, quase ocorreu já no primeiro turno. As negociações políticas estavam bem avançadas, e só não se materializaram porque o PT de Mato Grosso optou pela candidatura própria a governador e senador, em vez de fazer uma composição com o PPS. Portanto, surpresa é o turbilhão de reações negativas à declaração de apoio.

Entretanto, o apoio não pode ser tachado de toma-lá-dá-cá ou de negociata, como querem os alckmistas. Como diz o deputado Carlos Abicalil, a relação política e institucional entre o presidente Lula e o governador Blairo veio sendo construída ao longo dos últimos quatro anos. Foram inúmeros os encontros entre Lula e Blairo para debater a pauta do agronegócio e também a pauta de Mato Grosso, o que inclui soluções de infra-estrutura para o Centro-Norte do país (estradas e energia); questões sócio-ambientais, voltadas principalmente para o compartilhamento da gestão das políticas ambientais no Estado entre SEMA e IBAMA; programas sociais, como habitação e políticas sociais; e resolução de questões estruturais, não apenas circunstanciais, para o agronegócio brasileiro.

Informação corroborada por Luiz Antonio Pagot, o homem forte de Blairo, para quem “o que o governo do PSDB, com Fernando Henrique, não resolveu em cinco anos, o governo Lula resolveu em cinco meses”, reportando-se a uma rodada de negociações entre o agronegócio, capitaneado por Mato Grosso e Blairo Maggi, com o presidente Lula, iniciada em maio do ano passado. “Da carta de reivindicações que levamos ao presidente, 50% já foram atendidos, e os outros 50% estão em fase de viabilização”, diz Pagot.

Aliás, a importância do apoio de Maggi a Lula deve ser vista por uma dimensão estadual, mas também pela dimensão nacional.

Na estadual, convém lembrar o que disse na semana passada o tucano Wilson Santos, durante entrevista no Terceiro Mundo, da TV Record: “Eu preciso do voto de Cuiabá no Alckmin porque se o prefeito for do mesmo partido do presidente da República, nossa cidade vai ganhar muito com isso”. Ora, o governador fez exatamente essa opção quando declarou voto a Lula, mas olhando o Estado inteiro, inclusive Cuiabá. Logo, não se pode combater o apoio de Blairo a Lula por esse argumento, se é rigorosamente isso que pensam os tucanos, no caso de Cuiabá, também a média a opinião pública.

Já na dimensão nacional, Blairo é o elo que faltava do governo Lula com um importante setor produtivo nacional, hoje representado pelo agronegócio. E daí é preciso entender melhor essa cadeia. Agronegócio não são apenas os campos de soja ou de algodão que avistamos em Mato Grosso. Agronegócio é também a indústria de máquinas e implementos, é a indústria de insumos e fertilizantes, é a indústria de caminhões, e é a indústria naval, que se ocupa enormemente hoje no Brasil do transporte dos grãos do Sul/Sudeste e também do Centro-Norte do país.

Por essas razões, Blairo Maggi tem uma importância simbólica muito forte para o engajamento do governo federal, por meio de políticas públicas de fomento e indução, no fortalecimento de uma atividade econômica nacional, com empresários nacionais, fundamental para a vida do país, que é exatamente a produção de alimentos.

KLEBER LIMA é jornalista em Cuiabá





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