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Politica Brasil
Quinta - 28 de Setembro de 2006 às 18:18
Por: Onofre Ribeiro

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Esta eleição está revelando coisas interessantíssimas. A primeira, do conhecimento geral, é o pacto do presidente Lula com as camadas sociais mais pobres. A segunda, a perda de influência decisiva da classe média sobre a eleição.

A classe média brasileira surgiu efetivamente a partir da década de 50 com a intensa migração do meio urbano para as cidades, em virtude do começo da industrialização e do fim do ciclo agrário brasileiro. Desde então, a classe média tornou-se a referência em todas as eleições. Ela tomava decisões políticas e influía nas classes abaixo. Na eleição de 2006, esta conexão rompeu-se com a aliança dos pobres com o programa social das chamadas “políticas compensatórias” do governo Lula.

Pela primeira vez nesses 50 anos, a classe média ficou à margem do processo eleitoral. Por que? perguntaria o leitor. A classe média é formada por profissionais liberais, por professores, por funcionários públicos, por bancários, por pequenos e médios empresários, por pessoas de até uma certa renda e representa em média 10% da população brasileira, algo como 18 milhões de pessoas.

Ela é quem gera empregos e quem paga mais impostos, e a mais tributada pelo poder público. Pois bem. Mesmo que as empresas de comunicação de alcance nacional pertençam à elite econômica, a condução do pensamento diário nacional, é da classe média.

Abafada entre a classe “A”, e as classes “C” em diante, a classe média ficou de fora das discussões eleitorais neste ano. Isso é perigoso, porque as classes pobres cooptadas pelas “políticas compensatórias” são desorganizadas socialmente e não conseguem produzir idéias conseqüentes. Logo, serão facilmente massa de manobra. Nesse caso, reeleito o presidente Lula, será ele o “único dono” da voz coletiva da maioria pobre da população brasileira.

Isso lhe dá a condição de quase imperador. Ele poderá, se quiser, jogar a maioria da população brasileira contra o Congresso Nacional, contra o Poder Judiciário, contra os produtores de bens econômicos, contra as classes “A” e “B”. O poder absoluto embriaga absolutamente. Contudo, em benefício da dúvida, há que se registrar que Lula é um político conciliador.

Mas inebriado por tanto poder, ele que já se comparou a JK, a Getúlio Vargas, a Tiradentes e agora mais recentemente a Jesus Cristo, pode sofrer um surto de entusiasmo e dar uma de Hugo Chavez ou de Fidel Castro, a quem, aliás, tanto admira. Ninguém está livre de “surtar”.

Getúlio Vargas fez esse mesmo pacto com a sociedade pobre, mas via carteira assinada e via CLT, criando renda a partir da iniciativa privada. Já Lula, está criando isso a partir do poder público, tirando verbas do orçamento federal para distribuir renda. Não é sustentável esse modelo. Uma queda na economia e adeus às bolsas. E depois?

Dito isto, fica o registro: a classe média perdeu o seu poder nesta eleição e o presidente Lula será reeleito na condição de imperador da massa. Com todos os riscos em que isso implica para a democracia!





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