Japão pressiona Coréia do Norte com sanções econômicas
O Governo de Tóquio aprovou a proibição do envio de transferências bancárias a quinze entidades e um empresário residentes no arquipélago japonês, suspeitos de envolvimento com os programas de armamento nuclear norte-coreanos.
Com as sanções, o Japão se une aos Estados Unidos na queda-de-braço com a Coréia do Norte para forçar o país a voltar às negociações sobre a suspensão de suas atividades nucleares.
O ministro porta-voz do Governo japonês, Shinzo Abe, afirmou em entrevista coletiva que as sanções estão em linha com a resolução de condenação do Conselho de Segurança das Nações Unidas pelo lançamento de sete mísseis pela Coréia do Norte, um deles de longo alcance.
"Com a aplicação destas medidas, demonstraremos a determinação da comunidade internacional, assim como a do Japão", afirmou Abe, que este mês deve substituir Junichiro Koizumi à frente do Governo japonês.
Em 15 de julho, o Conselho de Segurança impôs à Coréia do Norte uma série de sanções relacionadas com a transferência de materiais e tecnologia suscetível para a fabricação de mísseis e armas de destruição em massa.
O documento também pedia que Pyongyang reafirmasse a moratória unilateral de 1999 para testes com mísseis.
"O Japão aproveita esta ocasião para pedir mais uma vez à Coréia do Norte que aceite a resolução da ONU, cumpra a moratória de lançamentos de mísseis e, imediata e incondicionalmente, retorne às conversas multilaterais", afirmou o ministro porta-voz.
As negociações de seis lados que a Coréia do Norte mantém com Estados Unidos, Coréia do Sul, Japão, China e Rússia estão sendo boicotadas por Pyongyang desde novembro para protestar contra as sanções financeiras impostas por Washington em outubro de 2005.
Washington acusa Pyongyang de lavagem de dinheiro obtido com o tráfico de drogas e falsificação de dólares com o objetivo final de comprar componentes militares, razão pela qual congelou US$ 24 milhões em contas bancárias de treze companhias norte-coreanas e um banco de Macau.
O ministro de Relações Exteriores do Japão, Taro Aso, insistiu na necessidade de obter um maior envolvimento dos países-membros da ONU na polêmica norte-coreana. Aso disse que o Governo fez com que a aprovação das sanções coincidisse com a inauguração da 61ª sessão da Assembléia Geral da ONU hoje.
Doze das quinze entidades que a partir de hoje estão proibidas de enviar dinheiro à Coréia do Norte já tinham sido sancionadas com medidas similares pelos Estados Unidos.
No entanto, as restrições são consideradas mais uma advertência política a Pyongyang do que um castigo disciplinar, uma vez que seus resultados são muito limitados.
O jornal econômico "Nikkei" afirma que as remessas enviadas à Coréia do Norte através das entidades bancárias japonesas se limitaram em 2005 a 280 milhões de ienes (US$ 2,4 milhões).
Por outros meios, como por exemplo, através de países como a China, as transferências de dinheiro totalizaram no ano passado 2,76 bilhões de ienes (US$ 23 milhões).
Embora limitadas, as sanções financeiras se unem a outras medidas de caráter burocrático que o Japão impôs imediatamente após os exercícios com mísseis norte-coreanos.
Tóquio proibiu a entrada de funcionários norte-coreanos no país, assim como tripulações de navios e aviões da Coréia do Norte.
A embarcação norte-coreana Mangyongbong-92, a única via marítima para passageiros entre o Japão e a Coréia do Norte, foi proibida de atracar em portos japoneses nos próximos seis meses.
O barco também é usado para transportar bens de primeira necessidade e dinheiro enviados à Coréia do Norte pelos norte-coreanos residentes no Japão.
Entre as camadas da sociedade japonesa que mais pressionaram o Governo para que o Japão impusesse sanções econômicas estão as associações de vítimas da política norte-coreana de seqüestros durante a Guerra Fria.
Os familiares de japoneses que foram seqüestrados nas décadas de 1970 e 1980 para treinar espiões na Coréia do Norte pressionam o Executivo para obrigar Pyongyang a solucionar os casos dos desaparecidos.
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