Após morte de menino, morador acusa PM de ameaça
O relato foi feito ontem à tarde, durante perícia no local do confronto. "O PM xingou minha família e disse que matou o Lohan. Caso alguém abrisse a boca ou saísse da casa, eu morreria também", disse o morador.
A testemunha ainda contou ao delegado que o cabo Ferreira e outro PM chegaram ao Borel vestidos com camisa e bermuda, com fuzis guardados em sacos plásticos. O pai do menino, Carlos Henrique Soares dos Santos, confirmou a versão. Ele lembrou que, no hospital do Andaraí, pegou a roupa do policial pensando ser a do filho, mas foi avisado por um funcionário da unidade de que eram do PM. O delegado disse haver informações de que Ferreira teria chegado ao hospital apenas de cueca e requisitou a farda.
Ajuda de moradores A perícia foi acompanhada por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da 19ª DP. Eles percorreram locais onde as vítimas foram alvejadas. Moradores entregaram à polícia imagens dos locais no dia do confronto. Próximo ao bar onde Lohan estava sentado há uma boca de fumo, segundo os agentes.
Moradores contam que, no sábado, dois policiais à paisana saíram da Travessa Laudelino, ao lado de um bar, e ficaram de frente para traficantes. O cabo Ferreira tentou atravessar a Estrada da Independência, mas foi alvejado. Para a polícia, tudo indica que tenha sido atingido por bandido que estava na boca-de-fumo. O outro policial, segundo as testemunhas, ficou com o colega até ser socorrido. Lohan levou tiro de fuzil do lado esquerdo do rosto.
A 19ª DP recolheu no morro 52 cápsulas de fuzil 7.62 e três de pistola calibre 40. Onze fuzis de PMs que participaram da operação foram apreendidos e encaminhados para a perícia - um deles foi atingido por um disparo. A polícia quer confrontar as armas com o fragmento de cápsula encontrado no corpo de Lohan, que está sendo analisado pelo ICCE. O resultado deve sair hoje.
Movimento contra violência No enterro de Lohan, domingo, moradores protestaram com faixas. Uma delas, com os dizeres "Posso me identificar?", fazia referência ao movimento criado no Borel em 2003, após a execução de quatro moradores por PMs que os confundiram com traficantes. Parentes do mecânico Thiago da Costa Correia, 19 anos, do pintor Carlos Alberto Ferreira, 21, do taxista Everson Gonçalves Silote, 29, e do estudante Carlos Magno de Oliveira Nascimento, 18, criaram a campanha contra violência policial. Acusados de executar os quatro, o sargento Washington Luiz de Oliveira Avelino, o soldado Paulo Marco Rodrigues Emílio e o cabo Marcos Duarte Ramalho estão presos e aguardam julgamento. O sargento Sidney Pereira Barreto e o tenente Rodrigo Lavandeira Pereira foram absolvidos.
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