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Economia
Quarta - 21 de Junho de 2006 às 07:59

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Diante da incerteza de efetivação das medidas do pacote agrícola anunciado pelo governo federal, os produtores rurais de Mato Grosso estão preocupados com as decisões para o plantio da próxima safra que já deveriam estar sendo tomadas. O consenso entre lideranças e representantes dos sindicatos rurais de 13 municípios que participaram da reunião de avaliação do pacote, na última segunda-feira, na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), é de que a melhor alternativa no momento é aguardar.

“Precisamos fazer as contas. Ainda não é hora de comprar”, alerta o produtor de Sapezal (480 quilômetros a Noroeste da Capital), Lucas Dal Pont.

Em Sapezal, segundo as lideranças da região, cerca de 10% dos produtores já fecharam a aquisição de insumos (adubo e sementes) com as tradings por um custo considerado alto. Só o adubo está sendo comercializado por uma das empresas por até 30 sacas a tonelada (t). O pacote completo (adubo, semente e defensivo) custa ao produtor, na base de troca, 33 sacas por hectare (ha). “Não se deve pagar mais do que 26 sacas por hectare”, avaliam os produtores rurais.

No município de Tapurah (433 quilômetros ao Norte de Cuiabá), os agricultores associados em condomínios estão conseguindo uma negociação mais equilibrada. De acordo com o presidente do sindicato rural, Marusan Barbosa, o preço do pacote de insumos para o plantio fechado pelo condomínio Unigrão é o equivalente a 27.8 sacas/ha. O custo final é estimado em 42 sacas. Barbosa diz que a área plantada deve cair pelo menos 15% e que cerca de 20% dos produtores de soja devem sair da atividade

De acordo com o presidente em exercício da Famato, Nomando Corral, a grande expectativa do setor é em relação à negociação das dívidas com as tradings. “Estamos tentando viabilizar um canal de negociação com as empresas privadas porque este é o maior problema dos produtores rurais”, afirma.

A estimativa do Instituto de Economia Agrícola (Imea), da Famato, é de que o total da dívida dos produtores de Mato Grosso, junto aos credores público e privado, gire em torno de R$ 7 bilhões.

SAFRA 06/07 -- Na maioria dos municípios presentes à reunião a expectativa é de redução na área plantada, em Mato Grosso, na próxima safra. Os sojicultores estimam uma queda de 15%. Em Sapezal, este é o percentual de queda que os representantes da região acreditam que irá se concretizar. “A redução deve acontecer com o abandono de áreas consideradas marginais de areia ou de risco, em função da falta de crédito para produtor”, justifica Dal Pont.

No município de Nova Mutum (269 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá), a redução na área plantada deve atingir 10%, mas uma parcela pequena de produtores está comprando insumos. “Estamos solicitando que o pessoal aguarde a implementação das medidas anunciadas pelo governo federal, até o início de julho”, exclama o produtor Levi Ribeiro. Segundo ele, os agricultores da região estão mobilizados, mantendo as máquinas agrícolas na área urbana, caso tenham que fazer novos protestos.

Em Sorriso (470 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá), no eixo da BR 163, Nelson Piccoli, presidente do sindicato rural, considera que o plantio no município também deve ser 10% menor. “A compra direta de insumos já apresenta uma queda de 40%”, contabiliza.

Já o presidente do sindicato rural de Sinop (503 quilômetros ao Norte de Cuiabá), Antônio Galvan, é taxativo ao dizer que se houver crédito os produtores vão plantar. “Não dá pra dizer quanto porque ainda não sabemos se vamos ter renda”, sublinha.

Participaram da reunião representantes dos municípios de Diamantino, Nova Mutum, Brasnorte, Sapezal, Sorriso, Sinop, Comodoro, Campo Verde, São José dos Quatro Marcos, Jaciara, Santa Rita do Trivelato, Tapurah e Poxoréu.

MOBILIZAÇÃO -- Apesar da avaliação positiva do pacote as lideranças ruralistas deixaram claro que estão na expectativa pela concretização do que foi anunciado. Até lá, segundo eles, os produtores de todas as regiões do Estado continuam mobilizados para, se necessário, desencadear, manifestações de protesto. Em municípios como Nova Mutum, o produtor Levi Ribeiro, diz que as máquinas utilizadas no Grito do Ipiranga entre os meses de abril e maio, estão na zona urbana. “Nós vamos aguardar até o dia 5 ou 6 de julho e, dependendo do que for implementado, temos confirmado o cadastro de 50 tratores que seguirão até Cuiabá”, garante Ribeiro.





Fonte: Diário de Cuiabá

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