Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Terça - 06 de Junho de 2006 às 09:41

    Imprimir


O governo deve anunciar uma série de medidas para ajudar os exportadores nos próximos 15 dias, disse ontem o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). Segundo o ministro, o governo "reconhece" o problema de uma série de setores que perderam rentabilidade nas exportações por conta da valorização do real.

Furlan disse que as medidas provavelmente não serão anunciadas na forma de um pacote, todas de uma vez. "Nós estamos estudando medidas que possam aliviar a situação de setores que estão tendo dificuldades", comentou, sem detalhar as medidas e tampouco citar quais os setores que poderiam ser beneficiados. "Nossa expectativa é que as medidas saiam nas próximas duas semanas."

O ministro mencionou, a título de exemplo, o aumento de linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para exportadores e medidas de mudança da legislação cambial. No caso da legislação, o ministro Guido Mantega (Fazenda) já havia anunciado que o governo estudava as medidas, tomando como base proposta enviada a Brasília pelos industriais paulistas, por meio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A respeito dos setores que seriam elegíveis para receber ajuda, Furlan disse apenas que há preocupação no governo com setores com uso extensivo de mão de obra. Caso, por exemplo, do setor têxtil, um dos que têm reclamado da perda constante de mercado externo. Furlan, no entanto, não mencionou nenhum setor.

O ministro comparou a volatilidade enfrentada pelos mercados financeiros nas últimas semanas com a crise gerada no mercado brasileiro em 2002, quando o dólar disparou por conta da incerteza gerada pelo processo eleitoral. Na avaliação do ministro, naquele período, as empresas brasileiras estavam mais endividadas em dólares e o grande problema foi o impacto negativo da alta do dólar sobre o endividamento.

Ele disse que esse tipo de impacto é improvável agora, já que as empresas utilizaram a liquidez abundante dos últimos dois anos e o dólar barato --gerados em grande parte pelos saldos da balança comercial-- para quitar dívidas em dólares. "Agora o problema é de rentabilidade das exportações, não de endividamento externo", disse o ministro.

Meirelles

No Rio, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que as novas regras de câmbio vão "corrigir eventuais desequilíbrios", o que fará o "mercado refletir melhor os fundamentos da economia brasileira".

Para Meirelles, a nova legislação do mercado de câmbio, em tramitação no Congresso, ajudará o país a "crescer de forma sustentável", mantendo o regime de câmbio flutuante.

"O importante é que estamos com o regime de câmbio flutuante, melhorando cada vez mais e trabalhando para modernizar a legislação e permitir que o Brasil cresça de forma sustentada", afirmou.

Para o presidente do BC, o câmbio sofre efeito do ingresso de divisas no país: "Ele reage às forças de mercado. À medida que crescem as exportações, cresce o saldo comercial e aumenta o influxo de divisas, isso têm efeito no câmbio, além de melhora no risco-país".

Entre as mudanças em análise, está a permissão para exportadores brasileiros manterem contas em dólar no exterior (evitando o ingresso de recursos caso tenham de pagar obrigações em moeda americana lá fora) ou mesmo no Brasil.





Fonte: Folha Online

Comentários

Deixe seu Comentário