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Sábado - 04 de Dezembro de 2004 às 09:12
Por: Carlos Martins

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No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, um grupo de aproximadamente 30 pessoas realizou um protesto na tarde de ontem em Cuiabá em frente à sede da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (SMTU). Eles foram pedir o cumprimento de uma promessa feita em março de que alguns dos ônibus a serem adquiridos na renovação da frota estariam adaptados para as necessidades do deficiente que utiliza cadeira de rodas e enfrenta dificuldades para ter acesso aos coletivos.

Portando faixas, fazendo a alusão ao dia internacional, eles esperaram um bom tempo pelo secretário Josué Souza, que acabou não retornando do almoço. Um ofício expressando a insatisfação pela falta de acesso aos meios de transporte, assinado pelo presidente da Associação Mato-grossense de Deficientes (AMDE), Mário Lúcio Guimarães de Jesus e pela coordenadora do Fórum de Defesa da Pessoa com Deficiência, Flávia Tereza do Nascimento, acabou sendo entregue ao diretor-executivo da SMTU, coronel Altair das Neves Magalhães.

De acordo com Mário Lúcio, eleito vereador na última eleição, na reunião realizada em março, que contou com representante do Ministério Público, ficou estabelecido que a SMTU e as empresas de transporte coletivo iriam adaptar oito ônibus da nova frota para que façam linhas que atravessem a cidade, partindo, por exemplo, de bairros como do Parque Cuiabá ou Santa Isabel. Vieram os novos ônibus, mas não os carros adaptados.

A AMDE, que congrega no Estado cerca de seis mil pessoas portadoras de deficiência, cobra o direito de ir e vir, a possibilidade de ter o acesso a todos os bens e serviços, de ver reconhecido o princípio da igualdade, conforme consta na declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamado pela ONU em 1948. “Tenho dois filhos, uma menina de sete e um menino de quatro anos e nunca pude sair com eles para um shopping”, disse Marilene Aparecida de Souza, 35 anos, que sentada em sua cadeira de rodas apoiava o movimento.

Marilene, assim como outros colegas, utiliza o Programa Buscar da Prefeitura que possui 10 vans adaptadas para transportar os cadeirantes para o trabalho, médico, tratamento fisioterápico, escola e lazer nos fins de semana. O problema é que para o lazer o transporte é insuficiente para levar familiares do deficiente. O programa, que foi lançado em 1998, sofre hoje com os problemas de manutenção das vans, necessitando portanto de renovação e de ampliação, já que não atende à atual demanda. A falta de pontualidade nos horários e falta de espaço para um acompanhante das crianças de escola especializada são outras deficiências apontadas, conforme ofício entregue à SMTU. Entende-se que o Buscar é importante, mas é um paliativo. Ele poderia ser usado para atender às pessoas com maior dificuldade de locomoção, mas a lei deveria ser cumprida, com a adaptação da frota de ônibus.

Assim como Marilene, Maria Inêz Lopes dos Santos, 34 anos, também mãe de dois filhos, utiliza a van do Buscar para ir trabalhar. Ambas são operadoras de telemarketing e prestam serviço para a Brasil Telecom. Entram às 7h30 e saem às 13h30 do trabalho.

“Pelo menos três vezes por semana eu fico no centro da cidade para pagar contas ou para fazer algum outro serviço. Aí em dependo do ônibus para voltar para casa”, conta Maria Inêz, que mora no bairro Pedra 90. Como conhece a maioria dos motoristas da linha 704, ela diz que não enfrenta problemas para embarcar no ônibus. Em geral recebe ajuda de passageiros para subir a cadeira de rodas, que é dobrada. O problema muitas vezes são os motoristas mal educados que não param e a sujeira de alguns coletivos. “Eu sento no lugar onde as pessoas pisam”, diz. Como ela entra no serviço às 7h30 e a van que a leva até o centro, na Barão de Melgaço, transporta outras quatro pessoas, o veículo passa pela casa dela por volta das 6h. Isso significa que ela acorda por volta das 4h. “Com os ônibus adaptados, eu não precisaria acordar tão cedo”, observou.




Fonte: Diário de Cuiabá

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