Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Domingo - 17 de Outubro de 2004 às 08:58
Por: Adriana Vandoni Curvo

    Imprimir


No Brasil as eleições vêm delimitando os opostos políticos, totalmente conturbados desde a eleição de Lula. O enfrentamento do PT com o PSDB deixa consolidada a única oposição estruturada que o governo tem, além de confirmar o PMDB como o grande partido acessório para se fazer alianças. Aqui em Cuiabá o resultado era de certa forma esperado e, se a chegada do candidato Alexandre César no segundo turno ocorreu graças ao despreparo do candidato do PPS, se deu também graças à nova estrutura do PT. Sua vaga foi garantida por obra de uma campanha nunca feita antes. Suas "burras" estão cheias. Não é e está longe de ser "uma vitória contra o poder econômico, ou contra os poderosos", como declarou a senadora Serys.

Senadora, poupe-nos de mais essa retórica eleitoreira. Esse discurso valeu quando a senhora tinha cartazes de madeirite pintados à mão na entrada do bairro Quarta-Feira. Se teve os méritos de chegar onde chegou, tenha hoje a "grandeza" de mudar o discurso. A estratégia e os métodos de usar essas frases populistas para obter votos, ou "bravatear", já foi confessado pelo seu messias-mor, Lula.

A garantia de paraíso usada na campanha presidencial se repetiu em todos os cantos do país. Duda Mendonça faz campanhas para os candidatos do PT e para a administração Lula ao mesmo tempo, o que levanta suspeita de quem paga o quê. Não é à toa que nas ruas da capital já não se viu mais aquela militância de outrora. O que vimos foi o tradicional método de "politicar" com cabos eleitorais pagos.

Para se eleger, Lula acordou com usineiros, banqueiros, industriais, fazendeiros, investidores. Prometeu mudar a CLD, a estrutura sindical e elogiou o planejamento do governo militar. Foi elogiado por Delfim Neto, que agora costuma ser procurado para orientações, o mesmo Delfim criticado pelo candidato Alexandre Cesar em um dos debates. Mudaram as atitudes, mas o discurso permanece o mesmo.

O mesmo partido que hoje a nossa senadora afirma que luta contra os "donos do poder econômico", ao ser eleito, a primeira coisa que fez foi aceitar aliança com o PMDB de Sarney e Jader Barbalho e salvar ACM de um novo impeachment. Por acaso foi levado em consideração o que eles fizeram no verão passado?

Parece que só não se esquecem o que o ex-governador Dante de Oliveira fez ou deixou de fazer. Tentaram, no primeiro turno, relacioná-lo com a candidatura de Wilson Santos que, demonstrando amadurecimento, não respondeu. No meio político sabe-se que não existe essa tão propalada proximidade Dante - Wilson, a não ser partidária. Ao tentar usar isso o PT dá possibilidade de uso em campanha da proximidade partidária que existiu no passado entre Alexandre e Nicássio, aquele petista que, pelo poder, tentou matar o outro companheiro de partido. Ou mesmo o ligar ao obscuro caso do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, ou ainda do prefeito de Campinas, Toninho do PT. Ambos os casos enfrentam dificuldades de serem esclarecidos por "desinteresse" do próprio governo do PT. Daria uns bons temperos para escândalos.

Ora, os pecados de Dante não são os de Wilson, como os de Nicássio não são os de Alexandre. Se seguirmos a forma PT de pensar podemos então imaginar que existem outros Nicássios ainda no partido, prontos para assumir cargos. A tentativa de entrar por esse caminho, de generalizar depreciativamente todos os que não são seus, além de depreciar os valores democráticos, destrambelha para a baixaria, deixando de lado as discussões de propostas e idéias.

Adriana Vandoni Curvo é economista, professora universitária e consultora, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas.

E-mail: avandoni@uol.com.br




Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/371556/visualizar/