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Cidades/Geral
Domingo - 22 de Agosto de 2004 às 12:46
Por: Márcia Oliveira

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Dos 46,8 mil bebês nascidos vivos em Mato Grosso, no ano de 2003, 13,3 mil tiveram como mães meninas com idades entre 10 e 19 anos. O dado alarmante registra a gravidade da situação no Estado, que tem um índice de 27,6% de gravidez na adolescência, quando o percentual considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 10%. O índice no Brasil, é de 25%.

Em Mato Grosso, que é dividido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) em 14 regionais, a de Água Boa, que concentra sete municípios, é a que tem a situação mais grave. Lá, o índice de gravidez na adolescência chega a 33,6%. Em segundo lugar, vem a regional de Porto Alegre do Norte com 32,9% e em terceiro, a de Juína, com 31,2%.

Na Capital, onde supõe-se que o fluxo de informação, escolaridade e acesso à Saúde sejam maiores, os índices não são nada confortáveis: em 2003, 23,5% ou 8,9 mil bebês cuiabanos nasceram de adolescentes. "Sabemos que este dado é altíssimo, quando avaliamos o que preconiza a OMS. Mas, não só em Mato Grosso, como em todo o país a atenção da Saúde voltada especificamente para o adolescente é algo muito novo", informou a psicóloga e coordenadora técnica da Saúde do Adolescente da SES, Aldineia Corrêa Guimarães, há três anos na função. A pobreza, segundo Aldineia, é o grande motivador desta situação. "A gravidez precoce não é programada e a maioria que a leva adiante são as adolescentes pobres, de famílias que não conversam sobre sexo, prevenção e DST/Aids. Como são muito novas, muitas não terminaram o segundo grau e abandonam a escola antes de ter uma profissão. Psicologicamente elas são imaturas e fisicamente muitas não se estruturaram direito. O resultado são criança cuidadas por crianças que não têm condições econômica, física e mental para tanto", avaliou a psicóloga.

Segundo levantamentos e pesquisas, a gravidez precoce está relacionada à falta de informações sobre prevenção associada ao início, cada vez mais cedo, da vida sexual. Pesquisa da Unesco mostra que, de 14 capitais investigadas, Cuiabá é a segunda com maior número de casos de gravidez precoce. Na Capital mato-grossense, conforme aponta a pesquisa, meninos dão início à vida sexual com idade média de 13,9 anos e meninas, com 15,7 anos. Outro fator considerado fundamental é a ausência da família e da escola como fontes de orientação sexual. "Os adolescentes também não usam preservativo. Eles não buscam essa assistência nos postos de saúde não sabemos se por medo, vergonha; por acreditar que estão imunes às doenças e à gravidez, ou se por falta de informação. O que sabemos é que a gravidez na adolescência representa uma perda grande para a garota, para a família e para a sociedade", avaliou Aldineia.




Fonte: Gazeta Digital

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