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Saúde
Quarta - 18 de Agosto de 2004 às 13:33
Por: Juliana Andrade

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Brasília - A garantia legal do acesso igualitário e universal aos serviços de saúde não tem assegurado aos negros o mesmo tratamento dispensado aos brancos. Essa é a opinião de representantes de organizações sociais ligadas ao movimento negro, que participam do Seminário Nacional de Saúde da População Negra.

A pesquisadora Fernanda Lopes apresentou números para mostrar as desigualdades raciais na área de saúde. Um estudo feito por ela revela, por exemplo, que o número de mortes de mulheres entre 10 e 49 anos, por causas relacionadas à gravidez, parto e complicações no período pós-parto, é três vezes maior entre as negras que entre as brancas, devido à falta de assistência pré-natal.

Em 2002, 8,9% das mulheres negras que tiveram filhos na Região Norte não fizeram consultas de pré-natal, contra 6,5% das brancas. No Sul e Sudeste, a diferença foi ainda maior: a proporção de negras que não tiveram acesso a esses cuidados durante a gravidez foi o dobro das brancas. No Nordeste, 10,1% das gestantes negras não tiveram assistência pré-natal, contra 6,9 % das brancas. E no Centro-Oeste, a diferença foi de 3,9% contra 1,8%.

Os números foram apresentados durante o seminário, que se realiza até amanhã (18). Outro dado do levantamento revela que em 1980 a mortalidade infantil de negros era 21% superior à de crianças brancas. Em 2000, essa diferença saltou para 40%. Segundo a autora da pesquisa, os fatores gênero e renda ajudam a piorar o quadro. “A pobreza no Brasil tem uma face bem definida, que tem a cor negra e que, prioritariamente, é uma face feminina, porque a análise dos dados oficiais nos tem apresentado que as mulheres negras, chefes de família, são aquelas que vivem com os seus, nas piores condições”, ressaltou.

Fernanda espera concluir o estudo até novembro. O levantamento, que reúne dados de pesquisas feitas em todo o país, foi realizado para a Fundação Nacional de Saúde, em parceria técnico-financeira com o Banco Mundial, com órgãos que desenvolvem o Programa de Combate ao Racismo Institucional no Brasil e com o Ministério Britânico para o Desenvolvimento Internacional.

Para a autora do estudo, é fundamental que o componente raça passe a ser considerado na definição de proridades de ações, programas e políticas públicas para a população negra, na área de saúde.

A secretária-adjunta de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Maria Inês Silva Barbosa, destacou que os números são importantes porque mostram que os desigualdades de fato existem. “Um dos problemas anteriores era a ausência de dados, porque permitia negar os fatos”.




Fonte: Agência Brasil

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