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Nacional
Sábado - 26 de Junho de 2004 às 19:06

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A atuação dos movimentos anti-homofobia tem diminuído o preconceito e discriminação aos homossexuais no Brasil, mas a rejeição ainda persiste, por exemplo, no próprio meio educacional, por orientação de algumas famílias de estudantes heterossexuais. Assuntos como este, relativos à homossexualidade, foram discutidos, em Campo Grande (MS), no I Encontro de Gays e Lésbicas do Centro-Oeste.

De acordo com o secretário da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) no Centro-Oeste, Clóvis Arantes, pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aponta que 30% dos pais não permitem, nas escolas, que seus filhos mantenham relações de amizade com alunos que não são heterossexuais. "Esse é um modelo que rotula as pessoas", critica. Atualmente no Brasil 10% da população é formada por homossexuais, cerca de 17,9 milhões de cidadãs e cidadãos.

Mesmo admitindo que a exclusão reduziu no país nos últimos 20 anos, o psicólogo de São Paulo, Cláudio Picazio, especialista em sexualidade, reconhece que ainda há setores na sociedade que pensa que homens e mulheres se tornam homossexuais em função do convívio.

"Homossexualidade não se aprende. Não se pega no contato social", explica Picazio.

A rejeição sofrida por gays, lésbicas e transgêneros é considerada por Picazio um absurdo.

"Ter preconceito em relação a afeto é a coisa mais burra."

A socióloga Ana Maria Gomes, no Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), admite que "os homossexuais enfrentam prisões", porque a sociedade considera suas atitudes como anormais, diferentes do que se estabelece como padrão nas relações de gênero.

Além da rejeição social implícita e explícita, os gays e lésbicas ainda enfrentam violência física. Conforme o secretário da ABGLT no Centro-Oeste, Clóvis Arantes, em Cuiabá (capital de Mato Grosso), cinco travestis foram assassinadas este ano. Ele relatou o caso em que cinco adolescentes, também em Cuiabá, agrediram um estudante homossexual, que teve traumatismo craniano. Segundo Clóvis, a escola e a família do agredido foram omissos em relação ao caso.

O representante da ABGLT explica que o homossexual sofre "dupla violência" (agressão física e violação da auto-estima). Clóvis reclama que não há políticas públicas específicas, como educação, saúde e justiça, para os homossexuais e transgêneros. "Os adolescentes homossexuais hoje estão fora do mercado de trabalho."

O estudante Fabiano Vagner dos Santos, diretor da Associação Ipê Rosa de Gays, Lésbicas, Travestis e Simpatizantes de Goiás, a primeira legalizada no Centro-Oeste, afirma que na região, em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, principalmente, a sociedade é fechada para assuntos relativos à homossexualidade.

Segundo o enfermeiro Jefferson Costa, técnico em enfermagem em Três Lagoas (MS), há discriminação no meio escolar. Ele explica que os pais de adolescentes heteros não aceitam que os filhos estudem em salas onde há alunos homossexuais.

A professora Adiely Nascimento, de Campo Grande (MS), disse que ainda há casos em que as lésbicas de classe média baixa, se isolam da sociedade, formando o que ela chama de "gueto". Transexuais

A exemplo dos homossexuais, os transexuais se deparam com barreiras sociais e jurídicas. A presidente do Grupo Brasileiro de Transexuais, Astrid Bodstein, critica as leis brasileiras em relação às solicitações de mudança de nome das pessoas transexuais.

"Nossa legislação é omissa", afirmou, acrescentando que nos processos em que se pede a mudança de nome depende-se de qual juiz vai analisá-lo. Se o magistrado levar em consideração as jurisprudências, o transexual ou a transexual consegue mudar de entidade. Astrid explica que, no Brasil, em cada 30 mil pessoas, há uma mulher transexual. Parada

As palestras e debates do I Encontro de Gays e Lésbicas do Centro-Oeste terminaram ontem, mas, neste sábado, os participantes do evento participam da 3ª Parada da Diversidade Sexual. A concentração será à tarde, na praça Ary Coelho, em Campo Grande. A partir das 16h, eles fazem uma caminhada pelas principais ruas do centro da cidade.




Fonte: JB Online

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