Preço da soja no mercado chinês recua. Carregamento do Brasil pode encalhar

Alguns preços a futuro da soja e da farinha de soja no mercado de Dalian, na China, caíram nesta sexta-feira, ao mesmo tempo em que as autoridades chinesas ameaçam suspender as importações de soja do Brasil. Segundo operadores, há muita expectativa no mercado por causa de três carregamentos brasileiros que inicialmente foram bloqueados por conter um fungicida não permitido.

De acordo com fontes, posteriormente, as autoridades permitiram que um dos embarques que permanecia no porto de Qinhuangdao fosse descarregado. No entanto, a carga continuará fechada dentro de um silo para ser submetida a um controle maior para determinar se, efetivamente, há vestígios de fungicida, o que impediria o consumo humano.

No caso de se confirmar que os embarques estão contaminados, as autoridades agregariam dois grandes fornecedores a uma lista de comercializadores já proibidos de exportar soja brasileira para a China. A lista inclui as unidades brasileiras da Cargill y Archer Daniels Midland e Lois Dreyfus. O Brasil é o segundo exportador mundial de soja depois dos EUA.

Se a China adiciona novos fornecedores à lista, a medida implicaria que o total de quase 3 milhões a 3,5 milhões de toneladas de soja brasileira, avaliadas entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,4 bilhão, que foram exportadas para a China entre maio e junho ficariam encalhadas, disseram operadores.

- Nenhum país decidiu antes bloquear toda a cadeia alimentar. Isso ajudaria os processadores agora, mas os prejudicaria no futuro. Quem vai querer vender-lhes a soja? - perguntou um operador.

Se a China ampliar a proibição, a maioria dos carregamentos que atualmente tem como destino o país asiático teria que ser desviada para outros países, enquanto outros teriam que ser cancelados. Mesmo que não se excluam outros fornecedores brasileiros, quase ninguém se animaria a exportar soja para a China devido à política de tolerância zero em relação ao fungicida.